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Dicionário

possessão

No uso comum, "possuir" significa "ter posse de" e leva conotações de retenção, ocupação e controle. Na terminologia psico­lógica, a "possessão" significa uma apropriação, uma assunção ou ocupação da personalidade do ego por um complexo ou outro conteúdo arquetípico. Uma vez que sujeição e possessão são sinônimos, o ego é vítima de um coup d'état (Golpe de Estado). Devido à força e obstinação do sintoma neurótico ou psicótico, uma pessoa é privada de escolha e fica sem poder de dispor de sua vontade. Um fator limitante é colocado na consciência, proporcional à força do conteúdo psíquico autônomo invasor e disso resulta uma unilatera­lidade intensa. Isso põe em perigo não apenas a liberdade consciente, mas também o equilíbrio psíquico. Os objetivos individuais são distorcidos em favor do agente psíquico possessor, quer seja um complexo materno, quer uma identificação, por exemplo, com a persona ou com o princípio de anima / animus.

Em um artigo escrito para um jornal da Basiléia, por ocasião da morte de Freud, Jung dá uma concisa explicação do desenvolvimento da Psicologia Analítica, ligando-o histori­camente à descoberta de Charcot de "que sintomas histéricos eram a conseqüência de certas idéias que haviam "possuído" o cérebro do paciente". A partir disso, de acordo com o relato de Jung, Breuer substanciou uma teoria que Freud declarou que "coincide com a visão medieval (de possessão), uma vez que substituímos uma fórmula psicológica pelo 'demônio' da fantasia dos padres". Jung achou uma analogia entre a busca do fator causal da possessão, a fim de curar o paciente, e tentativas medievais de exorcizar os espíri­tos do mal de uma vez por todas.

Partindo dessa analogia, Jung seguiu adiante para delinear sua própria obra. Após o reconhecimento de Freud de que a neurose moderna traz características análogas à possessão medieval, a inter­pretação freudiana dos sonhos era uma tentativa de investigar as causas essenciais de tal possessão. Porém, de acordo com Jung, era isso uma abordagem da psique possuída que tinha por fim destronar o ocupante ou reprimir o agente. Achava admirável tal abordagem, porém limitada. Em uma conversa decisiva com Freud, relata, co­locou a questão de saber se não se poderia ser capaz de descobrir uma implicação individual e, eventualmente, um significado de se cair vítima de uma possessão neurótica. Aqui está a essência do ponto de vista teleológico de Jung.

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