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Dicionário

posição depressiva

Termo introduzido por Melanie Klein para in­dicar um ponto no desenvolvimento de relações objetais em que o bebê reconhece que as imagens de mãe boa e mãe má, com as quais esteve se relacionando, se referem à mesma pessoa (subentendendo-se estar na segunda metade do primeiro ano de vida).

Confrontado com sua mãe como uma pessoa total, ele já não mais pode prosseguir como antes. O funcionamento anterior tinha encerrado uma atribuição e direcionamento de seus sentimentos negativos à mãe negativa, assim protegendo a mãe posi­tiva contra aqueles. Agora deve encarar o fato de que seus sentimentos hostis e agressivos e seus sentimentos amorosos também abarcam a mãe até então sempre totalmente positiva (isto é, de que ele tem sentimentos ambivalentes).

Por seu lado, isso o confronta com o medo de perdê-Ia pelo exercício de sua própria destrutividade, e pela culpa de feri-Ia e, sobretudo, com uma preocupação crescente com o bem-estar dela. Nesta última consideração, a posição depressiva é o precursor da consciência em geral e da preocupação por outras pessoas em particular. Daí, o nome dado por Winnicott à posição depressiva foi "o estágio de preocupação".

Simultânea a esta restauração de um objeto dividido, também existe uma integração de aspectos da própria personalidade, ante­riormente experimentados como bons ou maus. Por exemplo, partes boas da personalidade podem ter sido dissociadas para protegê-Ias de partes más ou de um meio ambiente perseguidor.

A posição depressiva assim é chamada porque, pela primeira vez, fantasias de perda da mãe precisam ser confrontadas a um nível pessoal, um processo análogo ao luto e, portanto, incluindo a possi­bilidade de depressão. Quando na posição depressiva, a qualidade da angústia muda, de sua condição de ser originalmente um medo de ataque vindo de fora, para um medo de perder alguma coisa que torna a vida vivível e mantém alguém vivo. Desde cedo experiências de perda podem continuar sendo fantasiadas através de ilusões de onipotência. Sob este prisma, uma subseqüente depressão na idade adulta pode ser considerada originária de uma deficiência no lidar com uma angústia depressiva na tenra infância. A posição de­pressiva é uma barreira ao desenvolvimento, que deve ser vencida. A consecução disso é um marco de desenvolvimento.

Embora a posição depressiva seja contrastada com a posição esquizoparanóide (em que a personalidade e o objeto estão divididos), também existe um grau de movimento oscilatório entre as duas, e, na vida adulta, uma evidência da presença de ambas as posições normalmente pode ser encontrada.

A Psicologia Analítica (especialmente a escola do de­senvolvimento; ver Samuels, 1985a) comenta de outra forma a po­sição depressiva propondo que sua consecução pelo final do primeiro ano de vida pode ser considerada uma das primeiras conjunções de opostos a ser obtida. Este ponto de vista possui a vantagem de ligar a perspectiva do desenvolvimento com a derivada da fenomenologia do self. Devido à natureza intencio­nal de grande parte do funcionamento psíquico, a agressividade do bebê pode ser encarada como agindo a serviço da individuação.

Como a aceitação da inevitabilidade de sentimentos agressivos é uma parte vital da posição depressiva, está se verificando uma integração da sombra. Mais ainda, o morder, na agressividade oral, pode ser considerado uma tentativa precoce para discriminar opostos (bebê e mãe, mãe e pai). Tal diferenciação é vista por Jung como uma condição prévia para subseqüentes conjunções de opostos.

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