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Dicionário

BINSWANGER, Ludwig (1881-1966)

Binswanger nasceu a 13 de abril de 1881 em Kreuzlingen, na margem suíça do lago de Constança, em uma família de muitos médi­cos e psiquiatras: seu pai dirigiu a clínica de Kreuzlingen e um de seus tios, Otto Ludwig Binswanger (1852-1929), professor em Iena e autor de trabalhos sobre a histeria e a para­lisia geral, teve a ocasião de tratar de Nietz­sche. Ludwig teve uma dupla formação, mé­dica e filosófica, em Lausanne, Heidelberg e Zurique. Terminados os seus estudos, subs­tituiu Karl Abraham como assistente de Bleuler no Hospital Burghölzli, onde se li­gou a Jung. Na época, toda a equipe do Burghölzli estava apaixonada pelas teorias psicanalíticas e, em 1907, Binswanger e Jung fizeram uma visita a Freud, que se sentiu feliz ao constatar que suas idéias começavam a implantar-se fora de Viena. Voltando a Zu­rique, ambos oficializaram um primeiro pe­queno grupo psicanalítico, que se dissolveria no momento da dissidência de Jung, mas em 1919 Binswanger fazia parte do comitê dire­tor da Sociedade Suíça de Psicanálise recons­tituída.

Mas, progressivamente, afastou-se da or­todoxia freudiana, atraído por sua formação filosófica para as teorias fenomenológicas de Husserl e de Heidegger, das quais tentou fazer uma síntese com a contribuição da psi­canálise. Em 1917, a publicação nos Arqui­vos Suíços de Neurologia e Psiquiatria de um artigo "Sobre a fenomenologia" foi pouco notada, mas constituiu um prelúdio a "Über Ideenflucht", estudo fenomenológico da fuga das idéias na mania, à "Introdução à análise existencial", tentativa de reconstituição e de compreensão, pelo terapeuta, do mundo da experiência interior do doente mental e a "Formas fundamentais e conhecimentos da existência humana", publicado em 1942, vas­ta síntese do seu sistema de análise do "Ser-­no-mundo" (o "Dasein" de Heidegger). Pu­blicaria ainda ilustrações do seu método apli­cado à psiquiatria clínica, como "O caso Suzan Urban" e "O caso Ellen West".

Apesar das divergências, sua amizade com Freud nunca se desfez, e em 1956, ano em que se aposentou do Sanatório de Kreuz­lingen, no qual desde 1911 assumira a suces­são do pai, consagrou-lhe um livro de memó­rias: Erinnerungen an Sigmund Freud. Mor­reu em 1966.

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