Antoine-Émile Blanche nasceu a 1º de outubro de 1820 na Casa de Saúde da rue de Norvins, da qual seu pai Esprit-Sylvestre era diretor, havia alguns meses. Residente dos Hôpitaux de Paris em 1845, encontrou no serviço de Mitivié, onde começou a sua residência, o tema de sua tese, consagrada à alimentação artificial através de sonda, "Do cateterismo esofágico nos alienados", que defendeu a 25 de agosto de 1848. Foi então ajudar o pai na Casa de Saúde de Passy, cuja direção assumiu em 1852, com o falecimento deste. Desempenhou essa função durante 20 anos, antes de ceder o lugar ao doutor Meuriot, mas continuaria a atender doentes até a sua morte, ocorrida a 15 de agosto de 1893, 24 horas antes da de Charcot, que ele detestava.
Seu filho, o pintor Jacques-Émile Blanche, relatou, em Pesca as lembranças, que o seu pai estava persuadido de que "um alienista, mais do que um médico qualquer ou do que um padre, não faz parte do mundo". Entretanto, Antoine-Émile Blanche era considerado um alienista mundano, freqüentador das altas rodas artísticas e literárias parisienses: aos sábados, nos seus "jantares dos filósofos", recebia Lamartine, Renan, Berlioz, Berthelot, Michelet, Pasteur, George Sand, Pauline Viardot e Turgueniev. Membro fundador dos concertos Colonne, íntimo de Gounod e dos Halévy, de Castiglione e da princesa Mathilde, exibiria na capital, até o fim da vida, a sua silhueta legendária e anacrônica de burguês do Segundo Império: longa casaca, cartola de abas largas jogada para trás, gravata escura contornando um vasto colarinho de pontas levantadas, mas deixou para os seus contemporâneos uma reputação de generosidade e devotamento.
Sua existência se dividiu entre sua casa de saúde (onde teve, entre outros pacientes célebres, o cirurgião Jobert de Lamballe, que morreu ali em 1867, Gérard de Nerval e Guy de Maupassant, que passou lá os 18 últimos meses da sua vida), e suas atividades de médico legista, preocupado com os problemas de responsabilidade dos alienados, e com a defesa de seus interesses. Durante 40 anos, foi consultado na maioria dos grandes processos, onde sempre limitava ao mínimo a responsabilidade do criminoso. Recusava a noção de monomania homicida ("Dos homicídios cometidos pelos alienados", 1878), preconizava a criação de estabelecimentos especiais para os alienados criminosos, encarregou-se, em 1884, do Relatório sobre os projetos de reforma relativos à legislação sobre os alienados diante da Academia de Medicina.
Em 1882, na votação da lei Naquet sobre o divórcio, foi a sua argumentação que conseguiu que fosse rejeitada uma emenda que permitia o divórcio por motivo de alienação mental.