Ex-aluno da Escola Normal Superior, doutor em medicina em 1906 com uma tese sobre "Os auto-mutiladores", doutor em letras em 1914 com uma tese notável sobre "A consciência mórbida", Blondel seria nomeado em 1919 professor de psicologia na Faculdade de Estrasburgo, depois de quatro anos de guerra na infantaria, na França e na frente do Oriente. Ilustrou o seu ensino teórico com apresentações de doentes vindos da clínica universitária ou do serviço de Courbon em Stéphansfeld, com o qual fez amizade. Chamado em 1936 para suceder a Georges Dumas na cátedra de psicopatologia da Sorbonne, faleceu a 18 de fevereiro de 1939, de complicações renais pós-operatórias.
A consciência mórbida é a obra principal de Blondel. Nela, recusa a idéia de uma identidade básica do patológico e do normal e da possibilidade de interpretar o primeiro pelo segundo. O "alienado" é diferente e sua impossibilidade de adquirir uma conceitualização discursiva normal o torna incapaz de se comunicar realmente com os indivíduos normais. Citamos ainda uma Psicofisiologia de Gall (1914), que reabilita a contribuição da craniologia para a psiquiatria e para a psicologia, A psicanálise (1924) "crítica espirituosa" da obra de Freud, A mentalidade primitiva (1926), Introdução à psicologia coletiva (1928), Psicografia de Marcel Proust (1931). Seu último trabalho, sobre O suicídio (1933), é um balanço completo das contribuições da psiquiatria e da sociologia para o problema.