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Dicionário

BONAPARTE, Marie (1882-1962)

Nascida em Saint-Cloud a 2 de julho de 1882, bisneta de Lucien Bonaparte e neta de Pier­re-Napoléon Bonaparte que, em 1870, assas­sinou o jornalista Victor Noir, a princesa Ma­rie Bonaparte se tornou em 1907 S.A.R. a princesa Georges da Grécia e da Dinamarca, por seu casamento com o segundo filho do rei Jorge I da Grécia. Ela teria um papel essencial na história do movimento psicana­lítico francês. Por insistência de René Lafor­gue, Freud aceitou analisá-Ia, em novem­bro de 1925. Rapidamente, tornou-se íntima da família do mestre, a tal ponto que nessa época foi apelidada de "Freud disse". Um ano depois, fazia parte dos nove membros fundadores da Sociedade Psicanalítica de Pa­ris. Ela e Eugénie Sokolnicka eram os dois únicos membros não-médicos do grupo, cuja ligação com a Sociedade Psicanalítica de Viena era feita por Marie Bonaparte, que ainda financiava, com sua contribuição pes­soal, o seu local de funcionamento no bulevar Saint-Germain. Posteriormente, salvou, tan­to por sua ajuda material quanto por sua ação pessoal, a "Psychoanalytischer Verlag", edi­tora vienense do movimento freudiano. Tam­bém foi ela que, em 1938, ofereceu o Reichsfluchtsteuer – resgate – exigido pe­lo governo nazista para permitir que Freud e os seus deixassem Viena. Foi ainda ela que, com Ernest Jones, promoveu a sua ins­talação em Londres. Ao mesmo tempo, conseguiu salvaguardar as cartas históricas de Freud a Fliess e financiar em Londres a reedição das obras completas de Freud, des­truídas pelos nazistas. Além de diversas tra­duções de Freud, devemos-Ihe muitos traba­lhos psicanalíticos pessoais. Citaremos "A simbólica dos totens" (1947), "Edgar Allan Poe, sua vida, sua obra" (1933), análise lite­rária muito citada como exemplo do papel dos fantasmas sádicos e necrófilos em Poe, e do parentesco espiritual que o liga a Baude­laire, seu tradutor; Sobre a análise de uma jovem órfã de mãe, relato impregnado de múltiplas ressonâncias pessoais, pois sua própria mãe morreu um mês após o seu nas­cimento; "Monólogos diante da vida e da morte", e principalmente o importante estudo "Da sexualidade da mulher", publicado em 1951. Acrescente-se, em um registro mais literário, "Topsy, chow-chow de pêlo de ouro" (1937), animal de que ela e Freud gostavam muito (Freud traduziria esse relato para o alemão, durante as conturbadas semanas que precederam a sua emigração em 1938), e duas antologias de memórias de infância e juventude: "Por trás das vidraças fechadas" e "O apelo da seiva", ambos publicados em 1952.

"A princesa" morreu em Saint-Tropez, a 21 de setembro de 1962.

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