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Dicionário

BROUSSAIS, François-Joseph-Victor (1772-1838)

Bretão de Saint-Malo, onde nasceu a 17 de dezembro de 1772, Broussais passou a infân­cia em Pleurtuit (perto de Dinard), onde seu pai era médico. Iniciou-se na medicina no Hospital de "Port-Malo" (chamado, antes da Revolução, Saint-Malo) e em Brest, onde, em dezembro de 1795, foi informado do assas­sinato de seus pais pelos chouans. Trabalhou durante algum tempo como cirurgião em na­vios corsários, antes de terminar sua forma­ção na Escola de Saúde de Paris, onde defen­deu sua tese a 5 de frimário do ano XI (26 de novembro de 1802). Desgenettes o estimulou a retomar a carreira militar, e ele percorreria uma parte da Europa com o Grande Exército, para chegar em 1814 ao hospital de Val-de-­Grâce, do qual se tornou médico-chefe em 1820, com a partida de Desgenettes. No mes­mo ano, entrou para a Academia de Medici­na. A Revolução de Julho lhe abriu as portas da faculdade, onde uma ordem de 16 de fevereiro de 1831 criou para ele uma cátedra de patologia e de terapêutica gerais. No ano seguinte, foi eleito para a Academia de Ciên­cias Morais e Políticas. Morreu de um câncer do reto a 17 de novembro de 1838 em Vitry­sur-Seine e teve funerais oficiais na capela do Val-de-Grâce.

Broussais foi um tribuno sarcástico, um polemista intolerante. Em 1816, desejoso de acertar definitivamente as contas com a me­dicina oficial, publicou um Exame da doutri­na médica geralmente adotada, doutrina que ele substitui por um Catecismo da medicina fisiológica, que se resumia em um modelo único, a gastroenterite, com um único meca­nismo, a irritação, e com um tratamento uni­versal, as emissões sangüíneas. A medicina fisiológica teria 15 anos de glória, antes de morrer de cólera em 1832, ao mesmo tempo que alguns clientes ilustres do seu promotor, como Casimir Périer e o general Lamarque.

Broussais, que nunca foi alienista, tem duas razões para figurar em uma história da psiquiatria: escreveu Da irritação e da lou­cura e participou do movimento frenológico.

Da irritação e da loucura, publicado em 1828, era a aplicação à patologia mental da doutrina fisiológica: a loucura se deveria a uma inflamação do cérebro e de suas mem­branas por duas causas, as causas morais e as causas "simpáticas", propagadas a partir de um outro órgão, pois "o cérebro nunca sofre sozinho" e a "gastroenterite" encontrava ali o seu lugar privilegiado.

Em 1830, Broussais se converteu à freno­logia com o mesmo entusiasmo e os mesmos excessos que manifestara até então para com­batê-Ia, pondo ao seu serviço, segundo as palavras de Lélut, "o prestígio da sua velha glória e as últimas fervuras da sua bile", vendo nela principalmente um meio de contradizer as teorias espiritualistas dos inte­lectuais da Sorbonne. Em janeiro de 1831, criou-se a Sociedade Frenológica de Paris.

Broussais era o secretário. Alguns meses de­pois, começou na faculdade um "curso de frenologia", que seria publicado em 1836. Não hesitou em anunciar, no Journal de Phrénologie que, desde a sua entrada na Aca­demia de Ciências Morais, as mensurações do seu crânio mostraram um aumento de duas a três linhas referentes ao órgão do raciocínio metafísico. Assim, não são surpreendentes as declarações de Louis Peisse (que redigiu o seu necrológio na Gazette Médicale de 24 de novembro de 1838) segundo as quais as lições de frenologia de Broussais, "que tinha como caráter e como espírito algumas belas partes muito prejudicadas por outras", "fo­ram apenas os restos de uma voz que se cala e de um ardor que se extingue".

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