Nascido em Lindley (Inglaterra) em 1577, Burton, que estudou e viveu principalmente em Oxford, onde morreu em 1640, é conhecido pela obra que publicou nessa cidade, em 1621, sob o pseudônimo de Democritus Junior (Demócrito foi um filósofo de Abdera do século V aC, que se fez passar por louco) – A anatomia da melancolia; o que ela é. Com todos os tipos, causas, sintomas, prognósticos e vários casos de cura. Esse tratado teve cinco edições durante a vida de Burton e três outras no século XVIII, antes de ser "redescoberto" no século XIX (mais de 60 edições a partir de 1800) e é considerado como a primeira enciclopédia psiquiátrica, pela sua abundância de referências.
Mas Burton nos preveniu de que aquilo que o distinguia dos autores precedentes era o fato de que ele próprio fora atingido pela afecção que descrevia: "Eles adquiriram o seu saber nos livros, e eu na doença. O que os outros leram ou ouviram, eu sofri e pratiquei por mim mesmo."
Em meio a considerações culturais tradicionais, que vão dos lobisomens à astrologia judiciária, encontram-se no trabalho de Burton visões originais sobre a importância dos fatores hereditários, e a influência das experiências infantis na determinação da melancolia.