Nascido a 6 de maio de 1873 em Creil (Oise), Léon Marchand morreu 103 anos depois em Paris, a 22 de junho de 1976. Externo dos Hôpitaux de Paris em 1895, foi com a perspectiva muito concreta de uma certa independência material que ele se apresentou em 1897 à residência dos Asilos do Departamento do Sena. Ao acaso, escolheu o serviço de Toulouse, que chegara a Villejuif, e a partir de então a sua carreira foi definitivamente traçada. Aprovado no concurso para médico dos Asiles em 1901, trabalhou em Bailleul, Blois, Charenton, onde sucedeu a Ritti em 1909, Villejuif (1925), e enfim no Hospital Sainte-Anne, onde continuaria até 1959, no laboratório de anatomia patológica, que criou no Hospital Henri Rousselle em 1923. Até 1962, encarregou-se de um serviço de consultas para epilépticos.
Com efeito, a epilepsia e a anatomia patológica sempre estiveram no centro de suas preocupações sobre o papel dos fatores orgânicos cerebrais na psiquiatria, preocupações que se apresentam em cerca de 700 publicações, desde a sua tese, "Pulso e temperatura nos acessos epilépticos, as vertigens epilépticas e os ataques hístero-epilépticos" (1898), até a monografia Observações biológicas, entregue em 1975 aos Annales Médico-Psychologiques… Citaremos entre os trabalhos mais importantes As encefalites psicóticas, com A. Courtois (1935), Doenças mentais.Estudos anatomobiológicos (1939), Epilepsias, suas formas clínicas, seus tratamentos, com J. de Ajuriaguerra (1948), Definição, critérios e limites da atual esquizofrenia (1958).
Marchand, para retomar as suas próprias palavras, gozava do "privilégio de ter recebido um patrimônio genético que lhe transmitiu a aptidão para a longevidade intelectual". Grande praticante de esporte na juventude, amante de música clássica e de arte lírica, pianista e pintor até o fim da vida, ainda exibiu em 1974 uma paisagem da região de Creuse, pintada alguns meses antes, ao mesmo tempo em que se queixava vigorosamente de uma certa lentidão gestual, que não o deixava mais interpretar Bach.