Ladislas von Meduna era originário da Hungria. Depois de fazer estudos de medicina, que acabou em 1921 na Universidade Real de Budapeste, obteve em 1924 um posto de professor assistente no Instituto Interacadêmico para a Pesquisa Neurológica, e três anos depois foi nomeado professor associado de psiquiatria. A partir de 1933, ocupou o cargo de médico-chefe do serviço dos pacientes masculinos no Hospital Leopold Field de Budapeste, mas, pouco tempo antes da entrada na guerra do seu país, emigrou para os Estados Unidos, onde terminaria a sua carreira na Escola de Medicina da Universidade de Illinois.
O nome de von Meduna está ligado à descoberta, em 1934, da convulsoterapia com metrazol, prelúdio à elaboração do eletrochoque por Cerletti e Bini, quatro anos depois.
As bases teóricas que levaram à aplicação desse método repousavam sobre uma série de hipóteses que, todas elas, se revelariam falsas.
Von Meduna, como ex-assistente no Instituto Neurológico de Budapeste, teve ocasião de estudar a epilepsia com o professor Karl Schaffer, e pensou ter observado, no nível do córtex cerebral dos epilépticos, uma proliferação do tecido de sustentação neuroglial, contrastando com a sua rarefação no cérebro dos esquizofrênicos. Essas constatações nunca se confirmariam. Aliás, as observações dos clínicos mostravam a raridade da coexistência dessas duas afecções no mesmo doente, outra afirmação que não refletia exatamente a verdade.
Mas, naqueles anos 1930, todos estavam convencidos da existência de um antagonismo biológico entre a epilepsia e a esquizofrenia, e von Meduna chegou à idéia de que, se em um esquizofrênico conseguia-se provocar crises epilépticas, seria possível agir favoravelmente sobre os sintomas esquizofrênicos. Assim, procurou produtos convulsivantes. Pensou primeiro na cânfora injetável e, em janeiro de 1934, tratou o seu primeiro paciente com esse processo. Mas a cânfora era difícil de manejar, muito lenta para agir e inconstante em seus efeitos convulsivantes. Von Meduna recorreu então a um derivado sintético, o metrazol, que utilizaria a partir de 1935 e que, por via intravenosa, desencadeava em alguns segundos uma crise de epilepsia generalizada, com menos intercorrências do que os derivados canforados.
Permanecendo ligado à especificidade das indicações do seu método, publicou em 1937 o resumo da sua experiência em uma obra publicada em Halle Die Konvulsionstherapie der Schizophrenie, enquanto outros alienistas a aplicavam aos deprimidos, nos quais os resultados se mostravam mais regularmente satisfatórios.
O eletrochoque suplantaria o metrazol, mas a convulsoterapia tinha nascido. Seus fundamentos teóricos eram falsos, sua indicação na esquizofrenia não era boa, seu modo de ação permanece desconhecido; entretanto, ela prestaria serviços duradouros no tratamento das síndromes depressivas. Desacreditada há mais de 70 anos, ela continua sendo ainda, a despeito das quimioterapias modernas, o tratamento mais rapidamente eficaz da melancolia.