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Dicionário

MEYER, Adolf (1866-1950)

Filho de um pastor, Adolf Meyer nasceu em 1866 em Niederwenigen, pequena cidade dos arredores de Zurique. Apesar do seu gos­to pela filosofia, foi a medicina que escolheu, com uma orientação neurológica, que com­pletaria em Viena e em Berlim, mas princi­palmente em Paris, junto a Déjerine e em Londres junto a Hughlings Jackson. Defen­deu sua tese em Zurique, sobre "O cérebro anterior dos répteis", sob a orientação de Auguste Forel, então professor de psiquia­tria e médico-chefe da Clínica Universitária do Hospital Burghölzli. Percebendo que teria dificuldades para realizar as suas ambições universitárias na Suíça, Meyer emigrou para os Estados Unidos, onde chegou em 1892, abriu um consultório em Chicago e deu con­sultas de neurologia em um ambulatório. Em 1893, ofereceram-lhe um posto de anatomo­patologista no Kankakee State Hospital (Illi­nois), onde ensinou neuroanatomia e neuro­patologia. Mas o laboratório não lhe bastava, pois era atraído por uma concepção globalis­ta do ser humano e de suas capacidades de adaptação. Quando de sua permanência na Inglaterra, fora seduzido pela teoria jackso­niana dos níveis de integração do sistema nervoso e pelos trabalhos do naturalista Tho­mas Huxley, discípulo de Darwin, sobre as reações dos organismos vivos às variações do ambiente. Nos Estados Unidos, entusias­mou-se com as concepções da jovem escola de filosofia pragmática, representada então por Charles Peirce, William James e John Dewey, de quem se tornou amigo, concep­ções que podemos esquematizar dizendo que elas consideravam o pensamento não mais como uma espécie de abstração que permitia ao homem procurar o absoluto, mas como uma ferramenta de adaptação, cujo funciona­mento era estimulado pelas necessidades da ação. Assim, quando em 1895 Meyer deixou o Hospital Kankakee pela Universidade de Clark (Massachusetts), evoluiu da neurolo­gia para a psicopatologia, fascinado com a significação da história pessoal dos doentes, e orientou-se para a psiquiatria. Faria do Wor­cester State Hospital um centro ativo de en­sino. Opondo-se à concepção kraepeliniana das doenças mentais-entidades, professava que as perturbações mentais eram modos de reação inadequados a situações diversas e que o seu tratamento deveria ter como finali­dade ajudar o paciente a encontrar a adapta­ção mais eficaz. A essa atividade integrada, deu o nome de ergasia (do grego, trabalho) e elaborou uma concepção "psi­cobiológica" da patologia mental, para a qual propôs o nome de ergasiologia.

Em 1902, AdoIf Meyer se tornou diretor do Instituto de Patologia do Manhattan State Hospital de Nova York, em 1913 professor de psiquiatria na Universidade Johns Hop­kins de Baltimore, e também diretor da clíni­ca psiquiátrica anexa Henry Philipps. Sua forte personalidade atraía jovens pesquisa­dores, nem todos originários do Novo Mun­do, como Henderson, de Edimburgo, e Gillespie, do Guy's Hospital de Londres. Confiou o laboratório de psicobiologia a John Watson, o "pai" do behaviorismo, e o primei­ro serviço de psiquiatria infantil a Léo Kan­ner, "pai" do autismo infantil. Adolf Meyer aposentou-se em 1941. Em 17 de março de 1950, morreu aquele que, durante meio sécu­lo, dominou o ensino da patologia mental nos Estados Unidos e a quem devemos os fun­damentos da psiquiatria dinâmica americana.

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