Medard Boss (1903-1990) distanciou-se da concepção de Binswanger, em como resolver os problemas clínicos de que se ocupa. Daseinsanalyse é o termo cunhado na língua alemã pelo psiquiatra Jakob Wirsch, em 1924, para designar o método psicoterapêutico a partir da analítica da existência feita em psiquiatria por Binswanger. Atualmente, Daseinsanalyse é um termo alemão convencionado mundialmente, para indicar todas as psicoterapias fundamentadas na concepção heideggeriana do ser humano como Dasein.
Boss fez uma ponte entre a psicanálise de Freud e a analítica existencial de Heidegger, mas, sem aderir a nenhuma delas. Embora utilizando a técnica psicanalítica na coleta de dados e no trabalho terapêutico, não deixa de criticar o instintivismo e mecanicismo psicanalíticos, que reduziriam o amor a algo menor na condição humana. Contudo, Boss (1967), continuou sempre considerando válidas a prática e a técnica psicoterápicas da psicanálise de acordo com as regras básicas de Freud.
Boss considera que um tratamento psicanalítico não é suficiente, pois, "se um psicoterapeuta experimenta a essência do homem como existência, no sentido de Heidegger, falará de uma cura completa somente quando um homem, previamente enfermo, se torne capaz de compreender-se a si mesmo, isto é, como uma luz que venha do ocultamento do Ser, uma luz em cujo brilho todas as coisas e seus semelhantes possam revelar-se de acordo com sua própria essência".
Boss refere que a Daseinsanalytic (analítica existencial) nada tem a ver com a prática terapêutica, com intenções e propósitos práticos. A ontologia fundamental de Heidegger, somente pergunta pelo Ser de todo ser, pelo modo-de-existência do homem e sua pertinência ao Ser. Inclusive o uso que Binswanger faz da analítica existencial de Heidegger, Boss qualifica como um método puramente antropológico de investigação, isto é, como o exame e a elucidação fenomenológicos da essência da existência humana sadia e enferma. Boss considera a necessidade de uma Weltanschauung (visão-de-mundo), ou metafísica definida, sem a qual o psiquiatra não terá o desejo de ajudar o outro. Neste caso, Boss menciona a "fé" do médico, "baseada no desejo de abrir aos pacientes o caminho para seu ser plenamente humano". Boss não nos deixa dúvida alguma quanto à sua própria Weltanschauung, ou se alguém preferir, sua "fé": que está embasada nos ensinamentos de Heidegger, como que respaldando a técnica psicanalítica com a teoria oferecida pela ontologia de Heidegger. Apesar de seu desejo de manter a analítica existencial fora do exercício terapêutico, os aspectos prático e teórico de seu procedimento estão tão próximos, que fica difícil delimitar um do outro.