Na Europa e nos USA, a medicina e a psiquiatria consagraram a figura do conselheiro do médico assistente em questões de diagnóstico, tratamento e reabilitação. O consultor é, habitualmente, um especialista experiente, cujo parecer de perito é solicitado pelo médico assistente ou às vezes, pelo próprio paciente. O consultor pode ter ou não um contato direto com o paciente, mas, na grande maioria dos casos, não se encarrega pessoalmente de nenhum caso; em vez disso, aconselha ou orienta o médico assistente, embora os seus pareceres sejam orientados para o paciente.
Um outro tipo de consulta é centrado no médico; neste caso, o especialista-consultor reúne-se com um ou mais colegas para os aconselhar e instruir na área de seus conhecimentos especializados. Questões sobre a conduta a seguir com pacientes específicos podem ser legitimamente ventiladas durante a consulta centrada no médico, mas o enfoque primordial do consultor não é um único paciente, mas o outro ou os outros médicos. Na consulta psiquiátrica centrada no médico, por exemplo, o objetivo implícito é que o médico não-psiquiatra compreenda e seja sensível para as necessidades emocionais do paciente, sua família e outros sistemas biossociais com os quais ele está relacionado; que o médico desenvolva habilitações capazes de satisfazerem essas necessidades e assim promova o crescimento emocional e a saúde mental em seu paciente; e que o médico utilize recursos colaterais apropriados a esses fins.
Ainda um outro tipo é a consulta centrada na instituição; neste caso, é com toda a organização ou agência que o consultor se reúne.
A consulta psiquiátrica pode referir-se a qualquer dos tipos de consulta acima descritos, quando realizada por um psiquiatra. Freqüentemente, porém, está limitada à atividade do psiquiatra (diagnóstico, terapia, ensino, pesquisa, etc.) nas seções não-psiquiátricas de um hospital geral, tem sido proposta, em nosso meio, a designação interconsulta médico-psicológica.
G. Caplan considera a consulta um processo de interação entre dois profissionais da saúde mental, o consultor e o consulente, que recorre à ajuda do consultor a respeito de um problema corrente em seu trabalho com um ou mais pacientes. Caplan limita o termo consulta a uma relação coordenada entre os dois profissionais e àquele tipo de interação em que o consultor não aceita qualquer responsabilidade direta pela implementação das ações terapêuticas para o paciente. Caplan subdivide a consulta nos seguintes tipos:
A. Consulta de caso – o foco é um paciente/ cliente específico
1. Centrada no cliente: o consultor vê o cliente a fim de adquirir uma compreensão de sua constituição e depois oferece suas recomendações ao consulente acerca do modo como este poderia encaminhar o tratamento do cliente.
2. Centrada no consulente: o consultor comumente não vê o cliente, mas procura entender que desvios, erros de interpretação, distorções, etc. do consulente estão interferindo na sua condução do tratamento do cliente.
B. Consulta administrativa – o foco é a orientação, planejamento, programa, etc. adotados pela organização ou instituição:
1. Centrada no programa: o consultor trata com um grupo de consulentes, tipicamente a respeito do que pode ser feito para desenvolver um novo programa ou aperfeiçoar um já existente.
2. Centrada no consulente: o foco são os problemas de programação e organização criados por problemas na própria esfera de ação dos consulentes.