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A busca pelo corpo perfeito

“Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte-americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de funkaria, provocaram em muitas outras mulheres – as baixinhas, as gordas, as de óculos – um sentimento de perda de auto-estima” Rita Lee, março, 2004
A imagem corporal é definida como a figuração do corpo formada na mente de cada um, isso se dá através da maneira como as pessoas se referem ao nosso corpo, a forma como ele se encontra definido num ambiente cultural através de vários símbolos e modelos, e o interesse demonstrado pelo próprio indivíduo sobre ele, estruturam a imagem corporal, pois o indivíduo vai coletando os indícios que fornecem a ele uma percepção de seu corpo (SCHILDER, 1981 apud BENDASSOLLI 1998).

O corpo é o lugar sobre o qual se apóiam as expressões psicológicas, se fixam os limites e os avanços das soluções científicas e tecnológicas, se expressam os temores, os anseios e a imaginação culturais, configurando-se, ele próprio, um processo. Contrastando com um passado "repressor" e "moralista" nos deparamos hoje mergulhados na "Era do corpo" que, como se presume "liberal" e "democrático". De mero objeto de sobrevivência, o corpo encontra-se nessa nova aurora, sobretudo, associado à satisfação e prazer tornando-se um elemento fundamental da cultura brasileira. Não é de estranhar que se tornou também um problema de investigação científica para melhor compreender a especificidade de nossa sociedade (BENDASSOLLI,1998).Há uma construção cultural do corpo, com uma valorização de certos atributos e comportamentos, fazendo com que haja um corpo típico para cada sociedade, esse corpo, pode variar de acordo com o contexto histórico e cultural, que engloba um conjunto de hábitos, costumes, crenças e tradições que caracterizam essa cultura e para obter o prestígio dos que viram ser bem-sucedidos ocorre o que o autor chama de “imitação prestigiosa”, que nada mais é que imitar atos, comportamentos e corpos que obtiveram êxito.(MARCEL MAUSS 1974 apud GOLDENBERG 2005). As modas e os modismos não dizem respeito apenas às roupas ou penteados, mas também a maneira de pensar, de sentir, de crer, de imaginar e, assim, subjetivas, influírem sobre as demais modas. As mulheres mais inclinadas a seguir as modas, especialmente as menos jovens, para as quais modas sempre novas surgiriam como aliadas contra o envelhecimento, visando uma preocupação central da mulher brasileira: permanecerem jovens (FREYRE, 1987 apud GOLDENBERG, 2005).Uma reportagem da Veja, com o titulo "As brasileiras não ficam velhas, ficam loiras", mostra que a brasileira é uma das maiores consumidoras de tintura de cabelo em todo o mundo. Além de Vera Fischer, que permanece um ideal de beleza, Xuxa e, posteriormente, Gisele Bündchen tornaram-se modelos a serem imitados pelas brasileiras, ícones norte-europeizantes, diria Freyre (GOLDENBERG, 2005).

Referências

BENDASSOLLI, Pedro Fernando. Doação de órgãos: meu corpo, minha sociedade. Psicologia: Reflexão e Crítica. Vol.11 nº1 Porto Alegre 1998.Disponível em: scielo.br 
acesso em: 07 mar. 2007

GOLDENBERG, Mirian. Gênero e corpo na cultura brasileira. Psicologia Clínica. Vol.17 nº2 Rio de Janeiro 2005.
Disponível em: sielo.br 
acesso em: 07 mar. 2007
 

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