Ao homem sempre competiu à imagem de provedor da família, por isso hesitam à prática da realização de tarefas domésticas, como se ameaçasse a sua virilidade, embora possam desempenhá-las com tranqüilidade, como por exemplo, nos restaurantes e lanchonetes. Está acontecendo a desconstrução da figura do homem que detém o poder e está afastado do exercício da paternidade, concomitantemente ocorre a desconstrução da figura da mulher, mãe em primeiro lugar, com a função de exercer profissões que suplementam o lar.
Hoje em dia o movimento da mulher de classe média acontece na direção de carreiras mais sofisticadas e de maior prestígio social, principalmente as ligadas à tecnologia. As mulheres que estão trabalhando possuem nível mais elevado de escolaridade, ampliando o contingente de mulheres chefes de família e aumentando a permanência das trabalhadoras no mercado de trabalho na faixa-etária de 25 a 44 anos, casadas ou não, com filhos ou não, porém a participação das casadas aumenta mais do que a das solteiras. A despeito da legislação sobre igualdade de salários, as diferenças ainda existem e persistem, pois em nenhum país latino-americano os rendimentos de homens e mulheres com o mesmo nível de instrução são equivalentes. A taxa de desemprego feminino é superior à masculina, mas entre 1960 e 1990 o número de mulheres economicamente ativas mais que triplicou, enquanto o número de homens nessa condição não chegou a duplicar.
O trabalho estável, bem pago e qualificado, se concentra nas “empresas cabeças” e nas fornecedoras de primeira linha, porém a mão de obra feminina encontra-se concentrado no trabalho que tende a ser mais mal-remunerado, menos qualificado e instável. Além da questão salarial, há o exercício da dupla jornada de trabalho, que esgota as energias da mulher no desempenho de diferentes papéis sociais, na vida profissional e nas responsabilidades da casa, criando-se assim um alto nível de exigência física e psicológica, o que leva muitas vezes à falta de entusiasmo, baixa auto-estima e, não raro, ao abandono do emprego, sendo que esse problema se reproduz nas diferentes classes sociais.
A mulher deixou de ser escrava do marido e passou a ser subordinada aos chefes masculinos, passando a ser então escrava do capital e do Estado, em um movimento que a aproxima do sofrimento do homem que vende seu trabalho em um sistema produtivo marcado pela competitividade e violência. Os papéis ocupacionais mutuamente com os papéis sociais, com certeza influenciam as escolhas profissionais das pessoas, sobretudo dos jovens.