De acordo com Cratty (1984) as razões pelas quais os atletas atuam nos esportes (assim como as razões pelas quais qualquer um faz algo) são extremamente variáveis e difíceis de serem reduzidas a conceitos rígidos. Não só as razões de cada atleta para ingressar num time são diferentes, mas também os motivos que o fazem atuar durante toda a temporada ou num só jogo são inúmeros. Numa competição de equipe, pode haver uma série de combinações de motivos individuais para produzir o desempenho, e às vezes, um conflito. As razões pelas quais os atletas escolhem um esporte e dele participa com determinado grau de competência podem ser influenciadas por experiências primitivas ou acontecimentos, situações e pessoas mais recentes. Inúmeras experiências precoces formadoras das bases de muitas tendências de comportamento agem mais tarde sobre a escolha da criança e sobre seu desempenho no esporte. A maneira pela qual progenitores lidam com vários componentes da agressividade, como agem quando a criança fracassa ou triunfa nas primeiras tentativas de comer e vestir, bem como na maneira em que amigos e irmãos e irmãs reagem, tudo isso influencia mais tarde as reações da criança nas quadras atléticas, na piscina e no ginásio esportivo. Motivos para desempenhar um determinado esporte são formados, muitas vezes, pela combinação de acontecimentos passados e próximos, ambos atuando sobre a consciência do atleta.
Moreno e Machado (2005) afirma que quando os atletas jogam contra atletas de qualidade técnica inferior a sua se sentem pressionados e obrigados a vencer visto que comparam sua performance com a do adversário e se acham superiores não sendo admissível à derrota, além de sentirem envergonhados quando pensam na possibilidade de derrota para tal adversário. Alguns atletas se sentem mais confiantes por analisarem o adversário e sentirem que é boa a probabilidade de vitória, outros se sentem desmotivados a jogar por acharem que a vitória está garantida, sentem-se confiantes e já pensam no próximo jogo, entram na quadra por obrigação. Quando são atletas com personalidade agressiva a torcida contra aumenta a motivação pelo nível psicológico, onde estes voltam sua energia contra o público que não quer seu sucesso, querendo mostrar para os mesmos força e poder (BUTT, 1987 apud MORENO e MACHADO, 2005).
Para Cratty (1984) os motivos pelos quais um atleta escolhe um esporte e dele participa podem ser de necessidade e prestígio, auto-afirmação, sucesso, reconhecimento, ambição, exibição, pois a maioria das competições atléticas permite a realização destas necessidades em graus variados. Outro motivo a necessidade de manter status, evitar humilhação e superar derrotas, já que os técnicos apelam muito para essa necessidade quando os atletas, antes de importantes competições, vão enfrentar times que, no passado, causaram, ou ainda podem causar, humilhação através da derrota. Há também a necessidade de mandar nos outros, de dominar ou de ser submisso; muitos esportes, por sua própria natureza, realizam este motivo. Outra necessidade é a de ser aceito, formar relações afetivas com outros, ser amável, cooperativo, muitos atletas ingressam num time por esse motivo. A necessidade de adquirir objetos inanimados, arrumar coisas e manter tudo em ordem, a preocupação de muitos técnicos para com as regras ilustra este motivo, assim como a coleção de troféus e de álbuns com recortes de carreira atlética. A necessidade de investigar, de fazer perguntas, de satisfazer curiosidade e tomar parte em processos cognitivos; este motivo depende e como o técnico inculca no atleta conhecimentos importantes a respeito do esporte ou ainda da necessidade que os atletas possuem de saber as razões de seus treinos, atividades, táticas competitivas. Finalmente pode-se dizer de acordo Venditti Júnior e Winterstein (2005) com que a motivação é um fenômeno que envolve inúmeros fatores e que está presente em todas as atividades humanas, por isso permite interpretações que podem diferir entre si dependendo da área em que este conceito está contextualizado.
Referências
CRATTY, Bryant J. Psicologia no esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984. 246p
FEIJÓ, Olavo Guimarães. Psicologia para o esporte: Corpo e movimento. 2ed. Rio de Janeiro: Shape ed. 1998.
GONDIM, Sônia Maria Guedes, SILVA, Narbal. Zanelli, José Carlos (org.) Andrade, Jairo E. Borges (org.) Bastos, Antonio V. Bittencourt (org) Psicologia, organizações e trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MORENO, Ricardo Macedo; Machado, Afonso Antonio.A psicologia do esporte no tênis de campo: uma análise da variável motivação. Revista Digital EFDeportes. Buenos Aires.n 88. Set. 2005
Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd88/motiv.htm
VENDITTI JÚNIOR, Rubens; WINTERSTEIN, Pedro José. Aspectos da liderança na Pedagogia do Movimento.Um fator psicológico no ambiente dos esportes, jogos e atividades físicas. Revista Digital EFDeportes. Buenos Aires. N° 83. Abr. 2005Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd83/lider.htm