Os recursos mais utilizados para construir o simulacro são, a vestimenta, os adereços e a maquiagem. Esses recursos não são obras da pós-modernidade, mas nela foram aperfeiçoados e adquiriram o caráter de simulação na associação com outras técnicas, como a da cirurgia plástica, da lipoaspiração, dos tratamentos de beleza, da musculação. A aparência criada nesse processo volta-se para o imaginário, construindo uma cadeia de sentidos que se adequara ao perfil atual (Rosário, 2004 apud STREY et al, 2004). Pode-se citar Michael Jacson, como um simulacro de si mesmo, mas também a resignificação do signo original e a confirmação do sentido estético ocidental: pele clara, linhas do rosto afiladas, cabelos lisos, olhos amendoados. Tantas cirurgias plásticas fizeram que o original ficasse perdido, distanciando-se cada vez mais do significado primeiro, surgindo sempre um signo novo, capaz de metamorfosear-se antes de se estabilizar (STREY et al, 2004).
Uma imagem corporal é constantemente renovada a cada percepção diferente que temos de nós mesmos e dos outros a nossa volta. Nosso corpo modifica-se, outras sensações confluem em uma reorganização corporal capaz de gerar uma nova imagem corporal, dependendo dos estímulos que o mundo nos oferece (BARROS et al, 2005). Aliada fundamental na construção dos corpos, a mídia adquire um imenso poder de influência sobre os indivíduos, generaliza a paixão pela moda, expande o consumo de produtos de beleza e torna a aparência uma dimensão essencial da identidade para um maior número de mulheres e homens (STREY et al, 2004). O culto exagerado ao corpo padronizado como belo gera a exibição de imagens físicas adjacentes à beleza, que é a fonte de desejos cotidiana. O desconforto com a própria imagem corporal mostra-se em pequenos detalhes, dentre eles na elegância em andar, na forma de falar, no modo de se vestir e de comer. Ser baixa ou alta, magra ou gorda, feia ou bonita reflete a necessidade de não se deixar à deriva, mas incluir-se na movimentação desenfreada da beleza a qualquer custo (BARROS et al, 2005).
O corpo virou "o mais belo objeto de consumo", e a publicidade, que antes só chamava a atenção para um produto exaltando suas vantagens, hoje em dia serve, principalmente, para produzir o consumo como estilo de vida, procriando um produto próprio: o consumidor, perpetuamente intranqüilo e insatisfeito com a sua aparência (STREY et al, 2004). Sua funcionalidade em sociedade é meramente exibicionista no âmbito das variações de beleza e aparência estética, embora haja outras tantas funções que um corpo pode realizar (BARROS, et al 2005).
Como vimos à cultura centrada na valorização da imagem do corpo, encontra no discurso publicitário, a universalização de sua imagem, naturalizando um determinado modelo de corpo, e um conjunto de práticas necessárias a sua manutenção. Assim homens e mulheres burlam os códigos tradicionais, padrões, normas estabelecidas para o corpo, buscando incessantemente a sua reversibilidade (STREY et al, 2004).
O corpo torna-se palco de investidas profanas em tentar apropriar-se de modelos impostos pela luxúria e pelo consumismo exacerbado. A busca pela modificação corpórea é permitida como uma prática saudável em que temos o direito de nos sentirmos belos e desejados, mesmo que para isto, seja necessária uma completa modificação da imagem corporal real para uma imagem corporal ideal (BARROS et al, 2005). Com todas as conquistas alcançadas pelas mulheres, com a grande revolução dos costumes, o novo milênio ainda deixa transparecer muitos desequilíbrios na tão almejada igualdade de poderes entre homens e mulheres. Um deles diz respeito à imagem do corpo da mulher, que ainda é permeada por discriminações, pois atrás da aparência de independência da mulher, esconde-se sua submissão, dependência e inferioridade, visto que ao corpo da mulher é embutida a obrigação de estar sempre belo e jovem (STREY et al, 2004).
Referência
BARROS, et al. Imagem corporal da mulher: a busca de um corpo ideal. Revista Digital EFDeportes. Buenos Aires. Ano 10. Nº.87 Setembro 2005.
Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd87/mulher.htm Acesso em:20 mar. 2007
STREY, Marlene Neves; et al. Corpos em metamorfose: um breve olhar sobre os corpos na história, e novas configurações de corpos na atualidade. Revista Digital EFDeportes- Buenos Aires – Año 10 – N° 79 – Dez. 2004
Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd79/corpos.htm acesso em: 20 mar. 2007