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O corpo como valor

“Espelho meu, espelho meu, existe no mundo alguém mais bela do que eu?”Na constante valorização da aparência jovem e bela, de corpo esbelto, cobrada das mulheres, percebe-se que as relações de gênero continuam reproduzindo a submissão, controle e manipulação, imposta às mulheres, mantendo assim as mulheres afastadas dos reais problemas sociais e culturais do seu tempo (STREY et al, 2004); “a preocupação com o corpo, a beleza e a preservação da juventude não é um fenômeno recente”, o que mudou foi o grau de adesão e de valorização do “invólucro”, do recipiente sobre o conteúdo (JABLONSKI, sd). De acordo com Santos et al (2006) na sociedade atual o corpo tem sido, cada vez mais, considerado um objeto passível de modelagem; a metamorfose que podemos fazer com o corpo vem mostrar uma insatisfação em relação à imagem que temos de nosso corpo. A tecnologia traz uma oportunidade de alterar uma imperfeição, um detalhe que cause desconforto sem observar que a imperfeição pode ser uma forma perfeita da construção da identidade de cada pessoa, mudar tais detalhes pode transformar nosso estado emocional causando transtornos ou inovações na imagem corporal (BARROS et al, 2005). Estamos assistimos à proliferação de academias de ginástica, centros de estética, Spas, desenvolvimento de tecnologias específicas, inúmeras modalidades de ginástica – convivendo com os tradicionais “ferros” – uso de substâncias químicas (drogas), além da procura por tatuagens e piercings, igualmente ao lado das tradicionais jóias e bijuterias, em suma, no palco social a primazia do conteúdo deu lugar à da forma (JABLONSKI, sd). O culto ao corpo é uma das características mais marcantes da sociedade contemporânea, cresce dia a dia o número de cirurgias estéticas, as academias de ginástica são cada vez mais freqüentadas por mulheres de todas as idades, o corpo torna-se objeto de consumo, onde substanciosos investimentos fazem as pessoas estarem em constante busca da imagem ideal. As mulheres no decorrer da história são apontadas como mais suscetíveis à imposição social pelo padrão ideal de beleza, muitas vezes acarretando em distorção da imagem corporal e transtornos alimentares (STREY et al, 2004).
O corpo de mulheres e homens é fruto da construção social, das diferenças de gênero construídas socialmente ao longo da história, O corpo virou objeto de consumo e totalmente fragmentado, o culto ao corpo ganha uma dimensão social inédita, cercado de enormes investimentos. O corpo em forma se apresenta como um sucesso pessoal, ao qual homens e mulheres podem aspirar. Hoje se vive na era da magreza, dos regimes, da lipoaspiração, dos implantes de próteses de silicone, botox, das academias, da construção de corpos, ou seja, da metamorfose dos corpos (STREY et al, 2004). A verdade é que vivemos em uma sociedade que admira a juventude e execra a velhice. A Cinderela moderna pode dispensar a fada madrinha, mas não um eficiente personal trainer, uma boa dermatologista e um competente cirurgião plástico. Tampouco há o perigo de virar abóbora à meia-noite: a velhice é adiada para longe, bem longe, de modo que se pode viver bela e feliz “para sempre”, se por um lado, graças ao progresso da medicina, a velhice tarda a se fazer presente, de outro, a obrigação de ter de permanecer jovem para sempre se torna um ônus e tanto: gastam-se fortunas em tempo, energia e dinheiro para se manter a beleza dourada, sinônima de juventude (JABLONSKI, sd).
 

Referências

BARROS, et al. Imagem corporal da mulher: a busca de um corpo ideal. Revista Digital EFDeportes. Buenos Aires. Ano 10. Nº.87 Setembro 2005. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd87/mulher.htm Acesso em:20 mar. 2007 JABLONSKI, Bernardo. Resenha Crítica

GOLDENBERG, Mirian. Da criança-sintoma (dos pais) ao sintoma da criança Nu & Vestido: dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca. Ed Record, Rio de Janeiro, 414 páginas.
Disponível em:  http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/psicologia/Bernardo.html acesso em: 20 mar. 2007

STREY, Marlene Neves; et al. Corpos em metamorfose: um breve olhar sobre os corpos na história, e novas configurações de corpos na atualidade. Revista Digital EFDeportes- Buenos Aires – Año 10 – N° 79 – Dez. 2004Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd79/corpos.htm acesso em: 20 mar. 2007

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