Menezes (2004) assegura que o número de alunos do sexo masculino nas principais escolas públicas de dança de balé do país não alcança a metade da quantidade de alunas, devido ao preconceito. Os próprios praticantes se defendem ao declararem que praticam a modalidade. Mas esquecem do vigor físico que todas as provas exigem, tornando um esporte tão masculino quanto feminino, ou seja, a identidade é apreendida através das representações de si em resposta à pergunta ‘quem é’, e esses garotos necessitam “justificar” para si mesmo que não exercem uma “prática homossexual” e por isso não o são, pois caso contrário eles poderiam introjetar essa idéia e entrar em conflito se é ou não homossexual pelo esporte que pratica.
De acordo com a teoria dos papéis sociais, explanada por Berger (1998), a sociedade é que determina o que fazemos, como também o que somos. A sociedade interfere moldando o comportamento dos indivíduos em comportamentos desejáveis. Todo papel social é aquilo que se espera que seja em determinado lugar, pois cada situação apresenta expectativa específica e exige resposta a essas expectativas. O indivíduo se localiza na sociedade, dentro de sistemas de controle social e cada um desses sistemas contém um dispositivo de geração de identidade. O pré-julgamento afeta não só o destino externo da vítima nas mãos dos opressores, como no caso do menino praticante de Ginástica Artística, que recebe o rótulo de gay, mas também na própria consciência, na medida em que ela é moldada pelas expectativas da sociedade e leva esse menino a se perguntar: Será que sou gay só por praticar Ginástica Artística? O autor complementa que a dignidade humana é uma questão de permissão social.
Referências
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