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formação reativa

É "o desenvolvimento no ego de atitudes e interesses conscientes, socializados, que são a antítese de certas tendências infantis, não-socializadas, que continuam persistindo no inconsciente". (Healy) Quando, por exemplo, uma solicitude excessiva é a res­posta consciente ao ódio inconsciente, a con­dição (excesso de solicitude) é conhecida como formação reativa.

A formação reativa é uma forma de defesa contra impulsos que são inaceitáveis para o ego. É um dos primeiros mecanismos de defesa e um dos mais frágeis. Como disse Freud, "é inseguro e constantemente ameaçado pelo im­pulso que está à espreita no inconsciente". Na formação reativa há sempre o perigo de um retorno do impulso reprimido à consciência.

"A repressão, como invariavelmente faz, provocou um seqüestro de libido, mas para isso, fez uso de uma formação reativa, mediante a intensificação de uma antítese. Assim, neste caso, a formação substituta tem o mesmo meca­nismo da repressão e, no fundo, coincide com ela, se bem que, cronologicamente, assim como em seu conteúdo, seja distinta da formação do sintoma." (Freud)

Portanto, a formação reativa é um tipo de repressão, mas deve ser distinguida desta última por duas características: (1) na formação rea­tiva, a contracatexia manifesta-se sob forma de atitude de negação e, assim, é evitada a neces­sidade de repressões secundárias freqüente­mente repetidas; e (2) a contracatexia manifes­ta-se constantemente como uma mudança defi­nitiva de personalidade e não como o despertar momentâneo de manobras defensivas em res­posta a um perigo imediato.

"Num certo sentido, o superego pode ser considerado uma formação reativa do ego, uma reação complicada ao complexo de Édipo. Por sua vez, o superego plenamente desenvolvido estimula o ego para novas formações reativas. O ego tem que mudar sua estrutura de acordo com as necessidades internas e externas. Cabe a ele a difícil tarefa de enfrentar três espécies de influências: o superego, o mundo externo e o ido Embora seu núcleo seja estável, a estru­tura do ego como um todo muda de acordo com as influências a que está sujeita. Em vez de reagir a essas influências, isto é, de as perceber e descarregar ou de as ab-reagir, o ego assimi­la-as e cria algo novo."
Tais formações reativas contribuem extensamente para a estrutura final do caráter. Duas formações reativas comu­mente observadas são a repugnância (uma for­mação reativa do ego contra um impulso sexual oral) e a vergonha (uma formação reativa aos impulsos exibicionistas).

Deve-se enfatizar que a formação reativa é um mecanismo de defesa inconsciente do ego; a dissimulação ou hipocrisia consciente não é uma formação reativa. Além disso, a formação reativa não deve ser confundida com a subli­mação; na primeira, o impulso inconsciente é reprimido e a contracatexia constantemente exigida para manter tal repressão constante, drena energia que, de outra forma, estaria à disposição do ego. No caso da sublimação, por outro lado, o impulso original é suplantado e a sua energia permanece acessível ao ego para cumprimento de suas várias tarefas.

"Para elucidar a relação entre a formação reativa e a sublimação, vamos comparar (a) uma criança que aprende a escrever bem e sente nisso grande satisfação, (b) uma criança que tem uma inibição para escrever, (c) uma criança que escreve forçada e meticulosamente, e (d) uma criança que se lambuza toda de tinta. Todas elas deslocaram quantidades erótico-­anais instintivas para a função de escrever. Na primeira criança, teve lugar uma sublimação; ela não mais deseja lambuzar-se com tinta, mas escrever. As outras crianças não conseguiram canalizar esse impulso. Elas são forçadas a inibi-lo através da contracatexia, ou a 'robo­tizar' através de formações reativas, ou mesmo a reter o impulso original de uma forma inalte­rada." (Fenichel)

Embora a formação reativa possa ser vista como um elemento de qualquer neurose ou psicose, ela constitui um mecanismo típico da neurose obsessivo-compulsiva.

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