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Pesquisa de sessões terapêuticas: experimente

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Embora haja avanços importantes na Terapia Comportamental é primordial considerarmos que é muito difícil atingir critérios estabelecedores para que uma terapia seja caracterizada como comportamental. Há diversas inespecificidades envolvidas que permeiam a complexidade da situação terapêutica: cada cliente tem seu repertório único, com uma história única a qual o terapeuta não tem acesso em boa parte; além da multideterminação de seus comportamentos (Zamignani, 2001; Silvares; MEYER, 2000).


Entretanto, é essa dificuldade que motiva os pesquisadores como Costa (2002), Machado (2002), Meyer (1995), Hayes (1991) e tanto outros terapeutas experientes, iniciantes, estudantes a explorarem a Terapia Comportamental para a ampliação de seus critérios na prática clínica.

Avançar com os estudos para o embasamento de uma prática menos intuitiva e mais empiricamente fundamentada (ZAMIGNANI, 2001), torna-se o critério geral e será seguido nesse presente estudo.

Com o suporte de uma gama de teóricos, pode-se explorar o processo terapêutico comportamental de uma forma didática, considerando que o comportamento é dinâmico, estando em constante modificação, interação e transformação (BORGES, 2002). A partir dessa exploração, sugiro características que aparecem ao longo do processo terapêutico e que interagem entre si. São elas: a análise funcional, a relação terapêutica, os comportamentos clinicamente relevantes e as técnicas comportamentais.

Alude-se que em uma pesquisa clínica o foco não é a mera classificação em categorias e sim, buscar o entendimento das sessões, observando como tais elementos se relacionam a partir da interação terapeuta-cliente. Duas pessoas com histórias diferentes, experiências diferentes e com um objetivo em comum: estabelecer uma relação genuína e não-punitiva.

Sugiro que não se negue a influência dos autores Kohlenberg e Tsai (2001) e nem a história tecnológica da origem da Terapia Comportamental e Modificação de Comportamento (VANDENBERGHE, 2001); mas sim que se preze pela integração dos conhecimentos produzidos pela comunidade científica e utilizados na prática clínica com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Focando o comportamento verbal do terapeuta a partir de sua interação com o cliente, muitas questões podem vir à tona, como: quais critérios da teoria comportamental são adotados por ele? Quais técnicas? Qual o contexto para a utilização das mesmas? Como o terapeuta “enxerga” seu cliente? Em suma, tais questões nos levam a pergunta de como o terapeuta comportamental trabalha com o seu cliente na prática clínica.

São muitas as perguntas que advém de um único atendimento e mesmo que haja respostas para ele, é importante considerarmos que o comportamento é fluído e muda constantemente de relações.

Cabe a nós, com a pesquisa de caso único, abrir perspectivas para estudos futuros, considerando que em qualquer situação de pesquisa é necessário estar ciente do alcance e dos limites das conclusões afirmadas (Luna, 1997).
E é esse o objetivo que tento passar para vocês, leitores: discutir variabilidades, e, com isso, produzir conhecimentos, transformações, criações, reflexões, ou seja, contingências que poderão constituir ferramentas a serem utilizadas para o melhor entendimento da Terapia Comportamental.
 

Referências
 
BORGES, N.B. Terapia analítico-comportamental: dos fundamentos filosóficos à relação com o modelo cognitivista, de Nazaré Costa, ESETec Editores Associados. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, v.4, n.2, p.171-172, 2002.
 
COSTA, M.N.P. Terapia analítico-comportamental: dos fundamentos filosóficos à relação com o modelo cognitivista. Santo André: ESETec Editores Associados, 2002.
 
Hayes, S. C. The limits of technological talk. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 24, p. 417-420, 1991.
 
Kohlenberg, R.; TSAI, M. Psicoterapia Analítica Funcional. Santo André: ESETec Editores Associados, 2001.
 
LUNA, S.V. O terapeuta é um cientista?. In: BANACO, R.A. (Org). Sobre Comportamento e Cognição. Santo André: Editora Arbytes, v. 1, p. 305-313, 1997.
 
Machado, S.A. Sobre terapia comportamental: questões freqüentes da comunidade. In: TEIXEIRA, A.M.S.; MACHADO, A.M.; ASSUNÇÃO, M.R.B.; CASTANHEIRA, S.S. (Org.). Ciência do Comportamento: Conhecer e avançar. Santo André: ESETec Editores Associados, v.1, p. 44-64, 2002.
 
Meyer, S.B. Quais os requisitos para que uma terapia seja considerada comportamental? [artigo científico]. 1995. Disponível em: http://www.inpaonline.com.br/artigos.   Acesso em: 4 abril. 2007
 
Silvares, E.F.M.; Meyer, S.B. Análise funcional da fobia social em concepção behaviorista radical. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 27, 6, 329-335, 2000.
 
VANDENBERGHE, L.M.A. As principais correntes dentro da terapia comportamental – uma taxonomia. In: Guilhardi, H.J; Madi, M.B.P; Queiroz, P.P.;  Scoz, M.C. (Org.) Sobre Comportamento e Cognição. Santo André: Santo André: ESETec Editores Associados, v.7, p. 179-187, 2001.
 
Zamignani, D.R. Uma Tentativa de Caracterização da Prática Clínica do Analista do Comportamento no Atendimento de Clientes com e sem o Diagnóstico de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, 2001, 134f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Experimental). Programa de Estudos de Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo, 2001.

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