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Aquisição, generalização e manutenção de comportamentos sociais em meninos, considerando diferentes repertórios empáticos no passado

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Autora: Fabíola Alvares Garcia-Serpa

Resumo

Pesquisadores clínicos têm investigado fatores relacionados à manutenção de resultados obtidos em tratamentos diversos. Uma das possibilidades de se estudar a questão é a observação de como ocorre a manutenção de comportamentos instalados em ambiente natural. Com este objetivo, dezessete meninos e seus pais, que há quatro anos fizeram parte de uma investigação a respeito de indicadores do comportamento empático e sua relação com ações educativas e empatia dos pais, submeteram-se a uma nova avaliação. O presente estudo envolveu ainda um programa de intervenção breve com os meninos, focalizando habilidades sociais, em que se buscou observar como ocorre a aquisição de novos comportamentos, considerando seus diferentes repertórios anteriores, bem como a generalização para outros ambientes e a manutenção após seis meses. As avaliações foram realizadas por pais, professores, colegas de classe e pela pesquisadora, através da observação das filmagens do programa. Os resultados indicaram tanto manutenção quanto mudança no período de quatro anos. Dos nove meninos empáticos no passado, três se tornaram pouco empáticos e dos oito pouco empáticos, quatro se tornaram empáticos. Fatores que pareceram contribuir para a manutenção ou mudança dos comportamentos incluem: os meninos que continuaram muito empáticos, apesar de adversidades como divórcio dos pais e queda no padrão socioeconômico, tiveram pais que, desde cedo, estabeleceram contingências eficientes, reforçando comportamentos sociais adequados e fazendo uso do controle por regras. Os pais dos meninos reclassificados como pouco empáticos tiveram dificuldades no manejo de comportamento de seus filhos, não estabeleceram contingências precisas e evitaram a exposição a contextos novos que permitiriam interação com outras crianças, enfrentamento de situações e ampliação de repertório. Os pais dos meninos pouco empáticos que permaneceram pouco empáticos foram os únicos que continuaram a controlar o comportamento de seus filhos em níveis similares e os únicos que reduziram exigências. Os meninos reclassificados como muito empáticos foram expostos a programas educativos públicos, colônia de férias ou atividades ligadas a instituições religiosas, indicando efeitos positivos de programas favorecedores de habilidades sociais. Os resultados obtidos pelos meninos muito empáticos tanto no passado quanto no presente no programa de intervenção foram quase sempre superiores, mas não estatisticamente significativos. A generalização, para todos os grupos, foi observada apenas no contexto escolar, talvez porque o programa tenha focalizado prioritariamente este ambiente e também devido ao fato dos pais não terem recebido orientações para reforçar, na convivência familiar, emissões dos comportamentos aprendidos no programa. Os meninos que eram pouco empáticos e foram novamente classificados assim, generalizaram aquisições em habilidades sociais de empatia e civilidade segundo os professores. Os colegas de classe não avaliaram os meninos de forma significativamente diferenciada antes do programa, depois e após cinco meses. A avaliação dos professores realizada após cinco meses do término do programa mostrou que os resultados mantiveram-se para todos os grupos, exceto para o grupo dos meninos muito empáticos no passado e reclassificados como pouco empáticos no presente. Concluiu-se que história de vida, circunstâncias atuais e aprendizagem exercem efeitos no repertório atual de habilidades sociais.

Palavras-chave:
manutenção, generalização, comportamento empático, habilidades sociais, comportamentos parentais

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