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Semelhanças e diferenças do Complexo de Édipo entre rapaz e rapariga

Começarei, neste artigo, por apontar algumas diferenças do Complexo de Édipo entre o rapaz e a rapariga, para, no final, indicar que, apesar das diferenças, e para uma evolução para uma condição de personalidade mais evoluída, haverá uma situação semelhante ideal no que diz respeito ao Complexo de Édipo.
Temos que no rapaz, o Édipo positivo, o primeiro a desenvolver-se, caracteriza-se por amor à mãe e ódio ao pai.

Na rapariga, o Édipo positivo refere-se, ainda, por amor à mãe e ódio ao pai, já que precisamente, há a necessidade de mudança do amor pré-edipiano à mãe para o amor ao pai, e isso é um processo mais complicado de ser efectuado. O amor pré-edipiano à mãe permanece mais algum tempo na rapariga e no início do seu Édipo.

Na rapariga, tem que haver mudança de objecto de amor, ou seja, tem que haver desvinculação em relação ao amor pré-edipiano relativamente à mãe. No rapaz, o objecto de amor permanece o mesmo.

Ora, como é dito no meu artigo Complexo de Édipo no rapaz revisitado (Resende, 2008), tem-se que para resolver o Édipo, no rapaz, particularmente, terá que haver o seguimento para um ódio à mãe e amor ao pai. Terá que haver passagem do Édipo positivo para o Édipo negativo.

O ódio à mãe evita e responde à agressividade transmitida intergeracionalmente, pela mãe, que é fundadora da depressividade e da depressão, que é mais característica nas mulheres, portanto na mãe, e ainda, portanto, nas características edipianas da mãe. O amor ao pai responde à sexualidade transmitida intergeracionalmente, pelo pai, que é fundadora da ansiedade que é mais característica nos homens, portanto, no pai, e, ainda, portanto, nas características edipianas do pai. Isto refere-se a uma posição homossexual, cuja ambivalência deverá ser resolvida para que o Édipo seja total e integrado. O complexo de Édipo no rapaz será superado por um tipo especial de escolha de objecto (Laplanche & Pontalis, 1990).

Ora, na rapariga, que tem, precisamente, no início do Édipo o amor à mãe, numa posição homossexual, no Édipo positivo, deverá haver a passagem para o Édipo negativo, para que o complexo de Édipo seja total e integrado. Isto implica que deverá haver a passagem para o amor ao pai e ódio à mãe. O ódio à mãe promove e facilita a desvinculação do amor pré-edipiano da rapariga em relação à mãe. Por outro lado, a passagem para o Édipo negativo resolverá na rapariga a ambivalência homossexual sentida em relação à mãe, havendo também o aprofundamento do Complexo de Édipo, no seu aspecto negativo, com o amor ao pai, com, portanto, a verdadeira escolha de objecto.

Tem-se, pois, para os dois sexos, e para uma resolução do complexo de Édipo, sua integração e totalidade, o desenvolvimento de ódio em relação à mãe e de amor em relação ao pai.

Bibliografia

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. (1990). Vocabulário da Psicanálise (tradução portuguesa) 7ª edição. Lisboa. Editorial Presença

Resende, S. (2008). Complexo de Édipo no rapaz revisitado in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2008

Acesso à Plataforma

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