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Uso de anabolizantes pode causar alterações cerebrais

Pesquisa mostra que os anabolizantes alteram o cérebro e, por isso, os usuários têm grandes chances de se tornarem mais impulsivos, agressivos e ansiosos com o uso.

Pesquisa mostra que os anabolizantes alteram o cérebro e, por isso, os usuários têm grandes chances de se tornarem mais impulsivos, agressivos e ansiosos com o uso.

O experimento, feito em camundongos pelo biólogo Gilherme Ambar, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, indica que os hormônios diminuem a produção de receptores de serotonina, uma substância relacionada ao controle da agressividade.

O estudo, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é o primeiro mostrar que o uso de "bombas" altera a maneira que a informação genética é transcrita em diversas áreas do cérebro.

Para a serotonina atuar, ela precisa de proteínas receptoras. Como primeiro passo para fabricá-la, os neurônios produzem o ácido RNA mensageiro. Ambar percebeu que a quantidade de RNAs mensageiros produtoras desses receptores de serotonina era entre 37% a 66% menor em camundongos que receberam anabolizantes.

Reações

No experimento, camundongos que receberam o anabolizante tiveram mais sinais de ansiedade em situações desconhecidas, foram mais impulsivos e mostraram maior agressividade.

Para medir o comportamento, os pesquisadores colocaram mais um camundongo na gaiola das cobaias e observaram as reações. Cerca de 75% dos camundongos que receberam anabolizantes atacaram o intruso nos primeiros 15 minutos, enquanto somente 30% do outro grupo atacaram. Os animais que tomaram nandrolona também agrediram de forma mais impulsiva: eles demoraram, em média, 400 segundos para atacar o intruso; a média do outro grupo foi de cerca de 700 segundos.

Nos testes, os camundongos que tomaram anabolizantes também se mostraram mais ansiosos. Cada animal foi colocado num labirinto em forma de cruz, com áreas cobertas e descobertas. Camundongos que receberam nandrolona fugiam mais rápido do que os outros animais para as áreas protegidas.

"Os animais se comportaram como as pessoas que abusam de anabolizantes", explicou a professora Silvana Chiavegatto, orientadora de pesquisa, à Agência USP. "Camundongos têm no cérebro um sistema para controlar emoções parecido com o nosso. Por isso, há fortes indícios de que os anabolizantes podem mudar a expressão de genes também no cérebro humano".

Segundo informações do Centro Brasileiro de Drogas Psicotrópicas (CEBRID), o Deca-durabolin é um dos anabolizantes mais utilizados no País. Um levantamento do Centro realizado em 108 cidades em 2005 mostra que 0,9% da população já utilizou anabolizantes alguma vez.

Os maiores consumidores são homens entre 17 e 34 anos e o uso é maior na região Sudeste. O uso de anabolizantes aumentou 201 % (triplicou) entre 2001 e 2005.

Fonte: BOL Notícias

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