Todas as decisões devem ser feitas por ambos os parceiros, visando à saúde do relacionamento, assim como o bem-estar dos filhos.
É importante preservar a individualidade. Muitas pessoas têm medo de se envolver, pois sentem que perderão sua vida particular. O importante é viver esta individualidade, com compromisso e respeito pelo outro. Toda atitude tomada deve ser dialogada e informada ao parceiro.
Os envolvidos precisam ter respeito mútuo, mostrando com clareza e não com agressividade, o que incomoda no comportamento do outro. Até porque, não é possível modificar o que não agrada através da rispidez, esta apenas gera conflito, grande motivo das separações. A coerção pode também gerar medo, quando esta agressividade é extrema e o parceiro teme sofrer as conseqüências, no caso do agressor ser ciumento, usuário de drogas ou álcool, por exemplo.
Pergunta-se: o que faz um casal manter-se unido, quando é tão fácil separar-se?
A primeira hipótese é de que quando o desejo de viver com um parceiro é tão grande, o casal encara o sofrimento causado pelas desavenças como menos aflitivo que a vida solitária. Em nome do desejo de ter um cúmplice para sempre faz um esforço de superação das desavenças. A outra possibilidade é quando a união é tão infinita, que todo rompimento é seguido de um retorno. Após algumas experiências de separação/retorno, os parceiros se conformam com os mal estares periódicos que ocorrem entre eles e os superam, porque sabem que retornarão.
Os pais precisam pensar nos filhos, prepará-los para a separação, caso esta seja vista como a única saída. Pois geralmente, esta decisão é tomada quando o filho ainda é criança, com faixa etária de dez anos, sendo os cinco anos de idade, a fase mais crítica para a criança elaborar esta desvinculação, já que é nesta etapa de seu desenvolvimento, que ocorre a identificação com o progenitor do mesmo sexo, o que conseqüentemente influenciará nos seus relacionamentos futuros.
Quando a criança vive num ambiente onde seus pais brigam e conseqüentemente, se separam, sem manter um relacionamento saudável, a criança futuramente poderá repetir este comportamento ou ter medo de se envolver para que isto não lhe aconteça ou pelo medo de ser abandonada. Tais sentimentos podem prejudicar a auto-estima da criança, o que acarretará danos em seu desenvolvimento e relacionamentos futuros.
O futuro adulto pode ter vários relacionamentos insatisfatórios e descartáveis, por medo de comprometer-se afetivamente com alguém.
A criança pode também desenvolver sentimentos hostis em relação a um dos progenitores, quando o casal não lhe explica o que aconteceu realmente ou quando coloca um parceiro contra o outro. Na fantasia da criança, por exemplo, a mãe não foi capaz de manter o pai por perto ou ser amada pelo mesmo, ou o pai abandonou a mãe.
A separação como qualquer outra decisão na vida, precisa ser refletida, compreendida, planejada com responsabilidade. Não cabe recorrer-se a ela de forma impulsiva em busca de alívio imediato. Os melhores caminhos, em geral, não são os mais fáceis.
A psicoterapia de casal e família pode ser de grande ajuda em qualquer etapa desse processo. Se pensarmos preventivamente, o ideal seria o casal procurar este recurso no início do desencadeamento dos problemas, ou mesmo quando estão bem e querem compreender melhor alguns dos seus jeitos de funcionar.
Quando o casal consegue solicitar ajuda especializada, ganha a oportunidade de desfrutar de um espaço mais continente e neutro, onde os conflitos podem ser dramatizados, aconchegados e analisados. O terapeuta auxiliará os membros do casal a refazer os elos entre os eventos, compreendidos dentro das histórias individuais nas famílias de origem e na história da relação.
Mesmo que o casal em psicoterapia decida se separar, o trabalho poderá auxiliar no amadurecimento da decisão e no enfrentamento das emoções ligadas à separação.
Isto é particularmente importante no casal com filhos, que ainda manterá um vínculo enquanto pais, após a separação. Todos podem ser auxiliados a lidar com a nova situação. Afinal, estes mesmos filhos serão, no futuro, os provedores de novas unidades familiares.
O mais freqüente, contudo, é que o casal que se submete a uma psicoterapia conjunta, acabe reconstruindo o vínculo em novo patamar e dissolvendo conflitos. Se o mal-estar se vai, não sobra muito motivo para se separarem, além de que, abre-se o caminho para uma relação mais prazerosa.
Algumas formas e orientações que podem ajudar a lidar com os filhos no divórcio e separação incluem:
· Faça as crianças compreenderem que não foram elas que provocaram a separação.
• Explique às crianças as razões para a separação, usando o senso comum como um guia.
· Deixe a criança expressar os seus sentimentos sobre a separação
• Não minta ou retenha informações da criança, pois compreender os fatos irá ajudá-la na elaboração e na adaptação que se fará necessária.
· Seja sensível às reações da criança e transmita segurança
· Demonstre amor e compromisso para com elas
• Perceba o comportamento da criança e considere que este comportamento deve estar adequado à sua fase de desenvolvimento
• Permita o tempo necessário para que a criança se adapte à nova situação da separação
· Ajude a manter as crianças nas rotinas habituais.
• Determine a guarda baseada em uma decisão racional que atenda as necessidades e os melhores interesses das crianças.
· Mantenha contatos regulares entre os pais e os filhos ausentes.
· Não espere que um filho vá preencher o lugar do pai ou da mãe ausente
· Não altere o amor dos filhos ou de lealdade para com o outro progenitor.
· Não peça a criança para tomar partido contra o outro progenitor.
· Não diga coisas más sobre o outro progenitor.
· Não tente comprar o afeto da criança com brinquedos ou passeios
• Não utilize as crianças como mensageiros, nem as questione sobre o outro progenitor.
• Dedique um tempo sozinho com cada criança para que ela se sinta como um indivíduo especial.
Autora: Marcella Quadros Moretti
Psicóloga.
CRP 06/ 94541