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Setenta anos da morte de Freud

As hipóteses formuladas pelo criador da teoria psicanalítica marcaram a cultura contemporânea

As hipóteses formuladas pelo criador da teoria psicanalítica marcaram a cultura contemporânea

Sigmund Freud é um dos personagens mais citados do último século. Coleciona tanto títulos como críticas e discordâncias: enquanto uns o consideram o “descobridor do inconsciente” outros já o qualificaram como charlatão e embusteiro intelectual. Mas o célebre neurologista, que morreu em 23 de setembro de 1939, há exatos 70 anos, não foi o primeiro a voltar sua atenção para a atividade psíquica. No âmbito da filosofia, desde o Iluminismo já era de conhecimento geral a existência de uma esfera na qual se desenrolam processos psíquicos inconscientes que co-determinam o que pensamos e sentimos, assim como o que fazemos ou deixamos de fazer. Os românticos do início do século XIX chegaram mesmo a basear nesse conhecimento toda sua produção intelectual. Do ponto de vista científico, porém, o inconsciente era terra incógnita até que Freud começa-se a mapeá-lo.

Suas teorias foram instigadoras de polêmicas. Quando escreveu A sexualidade na etiologia das neuroses, em 1898, defendendo, pela primeira vez, a existência da sexualidade infantil, causou escândalo entre os médicos vienenses. Cerca de um ano antes, tinha se desiludido com as pacientes histéricas. Na famosa carta de 21 de setembro de 1897 ao amigo e interlocutor Wilhelm Fliess, o criador da psicanálise diz: “Não acredito mais na minha neurótica”, referindo-se a sua conclusão de que os relatos de sedução na infância, feitos pelas pacientes, não correspondiam ao que, efetivamente, tinha ocorridos em suas vidas.

Posteriormente, em A interpretação dos sonhos, de 1900, Freud já detinha na questão sexual e suas formas inconscientes de expressão. Ao afirmar que a produção onírica é “a via régia que conduz aos conhecimentos do inconsciente”, apresentou um aspecto inovador para a compreensão da mente humana, enfocando a produção onírica como própria do sujeito – e não externa ele. Uma produção psíquica, aliás, repleta de desejos inconscientes reveladora da sexualidade, dado que os sonhos permitiriam a realização de desejos recalcados.

Ainda de acordo com ele, se nos aprofundarmos na análise dos sonhos, por meio da associação livre, chegaremos a conteúdos latentes repletos de conotações eróticas, resquícios de desejos sexuais infantis. Porém, para que conteúdos reprimidos possam burlar a autocensura, ainda que parcialmente, surgem travestidos por dois tipos de símbolos universais (presentes em diferentes culturas e épocas) e individuais (que ganham sentido para quem sonha).

Mais de um século após a publicação dos primeiros textos freudianos muitos pensadores partiram de suas construções para propor outras formas de compreender o ser humano e seu funcionamento. Podem-se repudiar suas ideias ou comungar com elas, aceitá-las ou não, mas algo é certo: é impossível ficar indiferente. “Hoje sabemos que não se trata de provar que Freud tinha razão – mas a psicanálise e pesquisa cerebral não precisam se contradizer”, diz o neuropsicanalista Mark Solms.

Fonte: Mente & Cérebro

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