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Duas moléculas estão associadas à capacidade da fala humana, indica pesquisa

Uma simples diferença de duas moléculas em um gene idêntico no homem e no chimpanzé pode estar na origem da faculdade de falar dos humanos, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (11) na revista "Nature".

Uma simples diferença de duas moléculas em um gene idêntico no homem e no chimpanzé pode estar na origem da faculdade de falar dos humanos, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (11) na revista "Nature".

Estas moléculas, aminoácidos, estão na base da formação das proteínas. A proteína do gene estudado (FOXP2), que comanda um grupo de outros genes ligados à linguagem, tem inúmeras centenas de aminoácidos, dos quais somente dois são diferentes no homem e no chimpanzé.

"Colocamos em evidência genes cujas ações diferem em função da mutação destes dois aminoácidos e, inclusive, alguns genes cujo funcionamento é essencial ao sistema nervoso central", afirmam os pesquisadores.

Estudos anteriores sobre a evolução já haviam sugerido uma variação deste gene entre o homem e o chimpanzé por causa destes dois aminoácidos, e o impacto possível desta diferença sobre a possível desta diferença sobre a faculdade de falar.

"Nosso estudo fez a demonstração experimental desta diferença", disse Daniel Geschwind, da Universidade da Califórnia (UCLA), coautor do estudo.

Os pesquisadores utilizaram para isso tecidos cerebrais humanos e dos chimpanzés assim como células em cultura para comparar os efeitos das variações, entre o homem e o macaco, do gene FOXP2 sobre o grupo de genes responsáveis da linguagem.

E eles constataram que o FOXP2 do chimpanzé tem efeitos diferentes dos do FOXP2 humano.

"Apontando os genes influenciados pelo FOXP2, identificamos um conjunto de novas ferramentas para estudar como a linguagem humana pode ser regulada a nível molecular", declarou Genevieve Konopka, coautora deste estudo, em comunicado da UCLA.

Processos moleculares que poderiam também permitir, em casos de autismo ou de esquizofrenia, "melhor compreender como estas patologias causam impacto à capacidade do cérebro de utilizar a linguagem", segundo a cientista.

Evolução humana

O papel desempenhado por estas duas moléculas abre igualmente novos caminhos de pesquisa sobre a evolução do gênero humano.

"Não sabemos quando a mutação destes dois aminoácidos apareceu", explicou Geschwind.

O homem e o chimpanzé se separaram há quase 5 milhões de anos, enquanto os paleoantropólogos situam o surgimento da linguagem humana a menos de 100 mil anos, quase 70 mil anos.

"Por isso, será muito interessante ver a diferença com o homem de Neandertal", cuja divergência com os ancestrais do Homo sapiens é mais recente.

Mas, além do cérebro, o desenvolvimento da linguagem humana está igualmente ligado a características morfológicas que o distinguem dos grandes macacos.

"Não sabemos o que aconteceria se colocássemos um cérebro humano em um chimpanzé –será que ele conseguiria falar? A maioria das pessoas acha que não, porque, no homem, a língua e as vias respiratórias superiores oferecem uma estrutura muito mais adaptada à palavra", concluiu Geschwind.

Fonte: BOL Notícais

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