"Ainda temos que analisar mais profundamente as razões, mas acredito que haja um pouco de desperdício. O usuário está pagando e quer usar o plano, às vezes sem necessidades", disse o diretor do IESS, José Cechin, ex-ministro da Previdência no governo Fernando Henrique Cardoso.
Desde o ano passado também tem havido um crescimento vertiginoso do número de terapias, como psicoterapias, fisioterapia e acompanhamento nutricional. Esses tratamentos passaram a ser cobertos pelos planos em abril de 2008. O impacto nas despesas médicas pagas pelo plano, no entanto, são de apenas 4%.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira, o diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Ceschin, mostrou-se favorável à adoção de reajustes diferenciados, novos modelos de planos para idosos e criação de perfil de usuários. Ex-diretor do plano de saúde Medial, Ceschin assumiu o cargo há uma semana sob protestos de entidades de defesa do direito dos consumidores.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) é contra os pontos que já estão sendo avaliados internamente pela ANS. A advogada do Idec, Juliana Ferreira, diz que qualquer uma das três mudanças seriam contrárias ao Código de Defesa do Consumidor. "O que precisamos é que os planos sejam gerenciados. A cada acontecimento, a primeira alternativa é onerar ainda mais o consumidor."
O diretor do IESS diz que o reajuste diferenciado e as classificações segundo perfis de usuário serviriam para tornar os planos mais atrativos para os mais jovens e saudáveis. "Cada vez mais os planos só são atrativos para os menos saudáveis."
A diretora da Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), Solange Beatriz Mendes, que representa as seguradoras especializadas em saúde, concorda quanto à insustentabilidade do modelo atual no longo prazo. "Para proteger os idosos, que realmente precisa de um modelo diferenciado, os mais novos acabam tendo de subsidiá-los."
Fonte: BOL Notícias
Solange e Cechin também são favoráveis à criação de planos por perfis de usuário. Assim, quem tem hábitos saudáveis, como prática de atividades físicas, pagariam menos do que aqueles que adotam condutas tidas como de risco, como fumar.
A pesquisa do IESS foi realizada em um universo de 1,2 milhão de beneficiários de planos individuais (novos ou antigos) das seis operadoras para as quais o IESS presta consultoria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.