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Psicólogo Organizacional e Preconceito

As críticas ao Psicólogo Organizacional são atravessadas por um número muito grande de fatores complexos. Para compreendê-las, devemos começar pensando na história dos Recursos Humanos, no contexto de sua aplicação no Brasil e nas conseqüências das revoluções industriais, do Fordismo e do Toyotismo. Uma vez que não pretendemos realizar uma extensiva análise aqui, nos adiantaremos para dizer que a atuação dos Recursos Humanos dentro de organizações já foi, inclusive até tempos relativamente recentes, digna de todas (ou pelo menos da maioria) das críticas que são feitas.

Essa atuação passada (e, muito infelizmente, ainda residual em algumas organizações) foi uma atuação de imposição aos funcionários por parte dos líderes, necessidade de sistemas fortes de organização, disciplina e controle, bem como uma mentalidade perversa e imoral de maximização da exploração por parte dos trabalhadores para aumento do lucro. Com esse histórico, ficam muito compreensíveis (embora não inteiramente justificáveis, por serem desatualizadas) as críticas de que o psicólogo que trabalha em RH não atua como psicólogo e sim como agente do capitalismo, capanga dos diretores e presidentes, massacrador dos fracos e pobres, entre outras opiniões menos mencionáveis (questão de decoro) por parte dos referidos críticos. Essas opiniões, em suma, convergem na opinião geral que o psicólogo de RH não atua na promoção de saúde, não possui nenhum aspecto de ajuda ou tentativa de melhoria da sociedade, etc.

Também se diz, criticamente, que a razão pela qual o psicólogo de RH não atua verdadeiramente como psicólogo é porque no RH não se usam as ferramentas tradicionais da psicologia, que vão desde a análise individual até as análises sociais e institucionais, passando por todo um leque de atuações da psicologia. Em suma, não se usa o saber acumulado da ciência da psicologia, e sim um saber administrativo (que os críticos por alguma razão parecem acreditar ser menos digno, mas isso não vem ao caso). Essa crítica deixa-nos perplexos. Na falta de palavras para explicar o quão pouco razoável ela nos parece, usaremos uma analogia. Sentimos que é como se alguém decidisse que toda a atuação do psicólogo que trabalha dentro de escolas, seja como orientador de alunos, estudioso dos métodos de ensino, colaborador de professores, etc., passasse a ser visto como alguém que não se utiliza, ‘no fundo', da psicologia, pois realiza tarefas e aplica saberes que dizem respeito à pedagogia.

Tanto a crítica real como a crítica da analogia são nada menos do que absurdas por ignorarem o fato que tanto o psicólogo escolar, que trabalha e atua com seus próprios métodos e conhecimentos pertinentes à sua área, como o psicólogo organizacional, que faz o mesmo, utilizam o conhecimento teórico que possuem da psicologia para atuarem e intervirem ativamente em segmentos fundamentais da sociedade, nos quais se dão duas das atividades que mais nos definem como seres humanos: a aprendizagem e o trabalho.

Aqueles que criticam o Psicólogo Organizacional criticam um profissional de 20, 30, 40 anos atrás. Sugiro que leiam alguns autores um pouco mais recentes, como Chiavenato ou Hofstede, para darem uma olhada naquilo que tem sido feito por Psicologos Organizacionais atualmente.

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