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Wittgenstein e o Behaviorismo

Marcelo Masson Maroldi; Bento Prado de Almeida Ferraz Neto [email protected] Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências, Universidade Federal de São Carlos

Ludwig Wittgenstein (1889-1951), um dos principais filósofos analíticos do século XX, tem sido eventualmente interpretado como behaviorista, em suas mais diversas variações, sendo por vezes tomado como behaviorista lógico – o que é mais comum -, mas também como behaviorista metodológico ou até mesmo metafísico. Contudo, o próprio autor recusa o behaviorismo, chegando inclusive a demonstrar antipatia por esta teoria. Ora, a obra de Wittgenstein é marcada por mudanças acentuadas e constantes em seu pensamento, de modo que algumas fases de sua trajetória filosófica realmente parecem favorecer certas interpretações behavioristas, se assim o desejarmos. Isto é, parece factível encontrarmos em Wittgenstein indicativos ou traços de uma abordagem behaviorista, ainda que este suposto behaviorismo seja de difícil identificação e não se encaixe perfeitamente em nenhuma das principais tendências behavioristas. Todavia, uma análise cuidadosa vai nos mostrar que este autor, do início de seu pensamento até seus últimos escritos, afasta-se cada vez mais das teses behavioristas e considerá-lo como tal é, portanto, um equívoco. Nesse sentido, este trabalho possui dois objetivos. Por um lado, devemos mostrar em que medida algumas posições de Wittgenstein podem ser interpretadas ou confundidas com o behaviorismo, ou, pelo menos, sugerir alguma aproximação com este. Por outro lado, indicaremos as principais razões pelas quais Wittgenstein não pode ser considerado behaviorista, sobretudo em sua última fase, o "último Wittgenstein". Para isso, partiremos da análise das Observações sobre a Filosofia da Psicologia (1947-8) e das Investigações Filosóficas (1953), em que o autor apresenta, entre outras considerações, suas teses sobre a psicologia e, assim, indica como seu pensamento é de fato inconciliável com o behaviorismo.  

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