A palavra agressividade tem sua origem no latim aggredior, aggredi, que, significava acometer, avançar decididamente, mover-se ativamente para um objeto qualquer, dando a idéia de uma disposição para enfrentar
obstáculos.
Laplanche define agressividade como: "Tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em condutas reais ou fantasmáticas, dirigidas para danificar a outro, a destruí-lo, a contrariá-lo, a humilhá-lo, etc".
Até onde percebi, a agressividade é inata ao homem, conforme Freud cita em "O mal estar da civilização"
"[…] os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. […] A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças[…]"
Laplanche, ainda define a agressividade como a
"Tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em comportamentos reais ou fantasísticos que visam prejudicar o outro, destruí-lo, constrangê-lo, humilhá-lo, etc. A agressão conhece outras modalidades além da ação motora violenta e destruidora; não existe comportamento, quer negativo (recusa de auxilio, por exemplo) quer positivo, simbólico (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizado, que não possa funcionar como agressão. A psicanálise atribuiu uma importância crescente à agressividade, mostrando-a em operação desde cedo no desenvolvimento do sujeito e sublinhando o mecanismo complexo da sua união com a sexualidade e da sua separação dela. Esta evolução das idéias culmina com a tentativa de procurar na agressividade um substrato pulsional único e fundamental na noção de pulsão de morte."
Com o passar do tempo, o termo agressividade começou a ser visto de duas formas:
Gostaria de deixar claro, que neste estudo iremos focar o sentido negativo da palavra.
Dentro do processo de agressão, sempre teremos o agressor e o agredido: O agressor é, ou está, mais forte fisicamente e psicologicamente do que o agredido, este geralmente é, ou está, mais fraco fisicamente, psicologicamente ou encontra-se em desvantagem em uma determinada situação.
Neste momento, interpondo, em partes, o estudo das emoções, diria que em uma situação de agressão, fica evidente que teremos o medo e a raiva contextualizada – pelo agressor e pela vítima, respectivamente, embora, acredito que estes possam se misturar, e que é muito provável que o agredido experimente a raiva após o ocorrido – e por este motivo gostaria de falar um pouco sobre estas duas emoções em específico.
Primeiramente, o termo emoção é utilizado para designar uma experiência subjetiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. Ainda segundo Davidoff "As emoções são feitas de componentes subjetivos, comportamentais e fisiológicos."
Segundo Ekman "As emoções determinam nossa qualidade de vida. Elas acontecem em todos os relacionamentos que nos interessam: no trabalho, em nossas amizades, nas interações familiares e em relacionamentos íntimos. Podem salvar nossas vidas, mas, também, causar danos."
Charles Darwin via as emoções como algo geneticamente programado nos animais para fins de sobrevivência.
Ekman ainda cita que possuímos emoções básicas e universais, a saber: raiva, medo, alegria, surpresa, tristeza, nojo/aversão e desprezo.
Sérgio Senna ainda discorre que, "Majoritariamente, a corrente que defende a universalidade tem prevalecido,
sustentando suas idéias com base na origem biológica e evolutiva da linguagem (por exemplo, Darwin, 1872; Susskind et . al, 2008). Essa corrente defende que as expressões faciais relacionadas às emoções básicas são diretamente ligadas ao funcionamento de nosso sistema nervoso autônomo, o que daria amparo a suposta
existência de uma "linguagem universal das emoções" ( Izard, 1994; Matsumoto e Willingham,2009)."
Percebendo-se estas emoções básicas, por conseqüência, iniciou-se o estudo das expressões faciais, pois, entendeu-se que, de forma inata, reproduzimos estas expressões em nossa face. Certos estados de espírito provocam determinados movimentos habituais, conforme discorre Darwin, e ainda, "quando existe uma tendência herdada ou instintiva para a execução de uma ação, ou um gosto herdado por certos tipos de alimento, algum grau de hábito é em geral necessário. Percebemos isso nos passos dos cavalos, ou no apontar dos cães."
Afim de uma maior compreensão, abaixo destaco uma pequena referência aos músculos da face humana, as letras correspondem aos mesmos músculos nas três figuras, mas só são dados os nomes aos músculos mais importantes, os quais sempre são aludidos nos estudos das expressões faciais (Darwin)
Fig.1. Diagrama dos músculos da face, Sr. C. Bell |
Fig. 2. Diagrama dos músculos da face, Henle |
Fig. 3. Diagrama dos músculos da face, Henle | A. Occipito-frontalis, ou músculo frontal; B. Corrugator supercilii, ou músculo corrugador; C. Orbicularis palpebrarum, ou músculos orbiculares dos olhos; D. Pyramidalis nasi, ou músculo piramidal do nariz; E. Levator labii superioris alceque nasi; F. Levator labii proprius; G. Zigomático; H. Malaris; I. Pequeno zigomático; K. Triangularis oris, ou depressor anguli oris; L. Triangularis oris, ou depressor anguli oris; L. Quadratus menti; M. Risorius, parte do platisma mioide. Fonte: Darwin, A expressão das emoções nos homens e nos animais, São Paulo, |
No próximo artigo, aprofundaremos acerca das expressões de medo e raiva, e como as mesmas estão inseridas no contexto da agressão.
Até a
próxima,
Edinaldo Junior
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Fontes:
O mal estar da civilização – Freud;
LAPLANCHE, J; PONTAHS, J.B. Dicionário de psicanálise. Barcelona:
Editorial Labor, 1981.
DAVIDOFF, LINDA L. Introdução à Psicologia. 3ª edição, SP: Makron
books, 2001
EKMAN, PAUL. A linguagem das emoções. SP: Lua de Papel, 2011
DARWIN, CHARLES. A expressão das emoções no homem e nos animais. SP:Companhia
das Letras, 2009
LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da Psicanálise, Martins Fontes,
2001, p 11
http://linguagemcorporal.net.br/
:: Acessado em 06/10/2011
Figuras 1, 2 e 3 de Charles Darwin's The Expression of the Emotions
in Man and Animals, exibindo os músculos faciais humanos (figuras 2 e 3 (de
Henle), Cópia de 1965, versão de Konrad Lorenz, publicada na University of
Chicago Press :: http://commons.wikimedia.org/wiki/The_Expression_of_the_Emotions_in_Man_and_Animals
:: acessado em 06/10/2011