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A relação terapêutica e a formação de terapeutas: casos atendidos em instituições-escola – Caroline da Cruz Pavan, Carla Camillo, Lara Regina Cruz, Flávia Andressa Farnocchi Marucci

A formação de terapeutas comportamentais tem sido um assunto discutido no Brasil desde o início da década de 1970 e vem sendo assunto recorrente até os dias atuais. Outro tema que vem sendo cada vez mais explorado e que tem grande relevância para a formação de terapeutas é a relação terapêutica. Indicada desde os primeiros estudos de análise aplicada como um dos fatores que contribuem para a mudança comportamental, a relação terapêutica é um dos únicos instrumentos que o terapeuta tem para promover a adesão do cliente à terapia em seu início. Dentro deste assunto, tem se estudado tanto a importância de uma boa relação para a evolução da terapia e para a mudança dos comportamentos do cliente, como os impactos do cliente sobre a pessoa do terapeuta e seus sentimentos. Justifica-se a discussão do tema “formação de terapeutas com foco na relação terapêutica” por ser esta imprescindível para a formação de terapeutas e para um desenvolvimento mais adequado da terapia. Sendo assim, nesta comunicação serão apresentados dois casos em que a temática relação terapêutica foi destacada, com o objetivo de discutir a partir de exemplos práticos, como jovens terapeutas atendendo em serviços-escola (clínica e hospital) vem lidando com estas questões. O primeiro caso diz respeito ao atendimento psicoterapêutico de uma cliente do sexo feminino com queixa inicial de dificuldades econômicas e nos relacionamentos interpessoais, além de oscilações de humor. Era uma cliente queixosa e com padrões de comportamento passivo e de esquiva. A intervenção focou-se no desenvolvimento de uma boa relação terapêutica, na análise dos sentimentos produzidos na terapeuta diante do atendimento desta cliente e identificação das contingências em vigor dentro e fora da sessão, com objetivo de desenvolver autoconhecimento. O segundo é o relato de um caso de uma cliente do sexo feminino, 31 anos, que após receber o diagnóstico de câncer de mama há dois anos recusou-se a realizar o tratamento. No momento do atendimento psicológico, esta se encontrava em internação hospitalar por agravamento em seu quadro clínico (metástase). Demonstrava desconfiança em relação à equipe de saúde e negava a doença, bem como o tratamento. O objetivo desta intervenção foi realizar treino discriminativo e promover forte vínculo terapêutico de forma a possibilitar a generalização dos comportamentos na presença de outros profissionais de saúde. Acredita-se que, estudando quais aspectos do comportamento do cliente e do terapeuta estão relacionados a uma boa relação terapêutica, será possível direcionar a formação de jovens terapeutas neste sentido, tendo como resultado terapeutas melhor capacitados para realizar uma intervenção de sucesso.

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