Em estudo publicado pelo periódico Saude & Ciência Coletiva, a autora Lorena Teresinha Consalter Geib aborda os contextos sociais e sua relação com o bem estar, qualidade de vida e independência funcional dos idosos (aspectos estes que na maioria das vezes são desconsiderados em politícas públicas e intervenções); Com isso, o estudo presente sistematiza o conhecimento de tais determinantes sociais, e o divide em três níveis: estrutural (que considera efeitos de mudanças demográficas e sua relação com o envelhecimento e perfil de morbidade), intermediário (abordando condições de vida e trabalho e seu impacto na saúde atual e futura e a função da coesão social) e proximal (levando em consideração os comportamentos e estilos de vida de maior risco).
O estudo adota o modelo conceitual de Dahlgren e Whitehead, que explicita a produção das desigualdades em saúde através das interações entre os níveis de condições sociais, levando em consideração desde o nível individual até o nível de condições econômicas, culturais e ambientais; Tal modelo aborda a importância dos fatores não-clínicos acerca da situação de saúde de indivíduos e das populações.
Um dos pontos importantes citados no estudo refere-se acerca da relação entre estrutura socioeconômica e o estado de saúde das pessoas, o que credencia o contexto sociopolítico e cultural como fator gerador da má saúde e desigualdades em saúde; Tal fato constitui o primeiro nível de determinantes sociais (estrutural), seguido do intermediário e proximal, agindo em constante inter-relação.
O estudo aborda os tais níveis exibindo dados sociais, demográficos, políticos e econômicos do Brasil, apresentando suas justificativas e consequências diretas e indiretas na saúde dos idosos e abrindo pontos que possibilitam a escolha de intervenções políticas e assistências relevantes à redução das iniquidades em saúde.
A autora conclui que circunstâncias econômicas e sociais determinam condições de vida e trabalho desiguais; O acesso diferenciado a variados aspectos (como a alimentação, habitação, educação etc.) influenciam o desenvolvimento do capital social, comportamentos e estilos de vida, expondo os indivíduos a diferentes exposições e vulnerabilidades. Em relação ao desenvolvimento social da saúde, os idosos apresentam desigualdades que geram maiores necessidades de assistência para tratamento de doenças crônicas e deficiências; O estudo conclui também que para a equidade, é necessário ações nos variados determinantes sociais da saúde, agindo de maneira multissetorial em todas as etapas do ciclo de vida, já que o estado de saúde do indivíduo é fruto de suas posições sociais no passado.
GEIB, Lorena Teresinha Consalter. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, jan. 2012 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000100015&lng=pt&nrm=iso. acessos em 05 abr. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000100015.