Estudo desenvolvido pelos profissionais Flávia Caroline Figel, Cláudia Lúcia Menegatti e Elke do Pilar Nemer Pinheiro e publicado no periódico Estudos de Psicologia (Campinas) objetivou compreender os possíveis fatores desencadeantes e as consequências para o próprio indivíduo de suas tentativas de suicídio, a partir dos relatos de pacientes que foram internados em um hospital psiquiátrico de Curitiba, Paraná, em decorrência da tentativa.
Participaram do estudo duas mulheres e um homem, com idades entre 36 e 52 anos, hospitalizados em um hospital psiquiátrico devido a tentativas de suicídio; Foi conduzido um roteiro de entrevista semi-estruturada – com tema sobre a história de vida do indivíduo – com questões relativas ao comportamento suicida, as situações antecedentes e as consequências da tentativa de suicídio.
Tendo em vista a base analítico-comportamental da pesquisa, fora realizada a análise funcional dos casos, o que possibilitou o levantamento de algumas hipóteses sobre as tentativas de suicídio: uma característica comum presente nos três pacientes analisados fora a presença de fatores de risco para o suicídio, sendo considerados antecedentes para as tentativas; Fatores como a presença de transtornos mentais (como o transtorno bipolar, depressão e ambas) e um histórico de violência física, mental ou psicológica (no caso específico da violência sexual e na maneira como essa afeta o desenvolvimento de crianças e adolescentes de diversas maneiras, a mesma é considerada também fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias).
Destaca-se na pesquisa, através dos relatos dos pacientes, situações de privação de atenção social (especialmente de familiares) durante o período das tentativas de suicídio; Nesses casos, infere-se que no momento que os indivíduos estavam privados de atenção social, outros tipos de comportamento provavelmente passaram a ser emitidos, e as tentativas de suicídio foram reforçadas. Entretanto, o efeito duplo da atenção social nas tentativas se tornaram evidentes: ao mesmo tempo que protege a vida do indivíduo (já que a família se engaja em ajudar ou controlar o comportamento mediante o risco) também pode reforçar as tentativas de suicídio.
Baseando-se nos relatos dos participantes, o estudo estabeleceu também que as tentativas de suicídio apresentam fuga e esquiva de situações aversivas vivenciadas pelos indivíduos, e considerando que os participantes relataram um repertório deficitário de resolução de problemas, passaram então a emitir comportamentos de fuga e esquiva objetivando cessar ou evitar possíveis contatos com os estímulos aversivos presentes em suas vidas.
Assim como todo comportamento, a tentativa de suicídio é selecionada por suas consequências, e isso se torna essencial para analisar-se funcionalmente este comportamento, objetivando desenvolver intervenções nas contingências reforçadoras que o mantém; Além disso, é necessário oferecer ajuda para familiares e amigos do indivíduo para que estes possam administrar corretamente a situação de risco.
FIGEL, Flávia Caroline; MENEGATTI, Cláudia Lúcia; PINHEIRO, Elke do Pilar Nemer. Tentativas de suicídio: uma análise de contingências. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 30, n. 2, jun. 2013 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2013000200007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 25 set. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2013000200007.
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Interessante, nunca tinha lido nenhuma publicação comportamental sobre o assunto.
Na verdade a matéria não foi "superficial", ela apenas resumiu o artigo que está referenciado no final do texto. Além disso, o estudo trata-se de uma análise comportamental (behaviorismo radical) das contingências, ou seja, é apenas uma ótica, um ponto de vista sobre o fenômeno.
Não tenho muito conhecimento sobre o assunto, mas acredito que existam outros motivos envolvidos. É muito difícil compreender a mente humana de modo isolado. Achei a matéria bem superficial.
Muit