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Protocolos de atendimentos psicológicos durante a pandemia do coronavírus

Tendo em vista a pandemia do coronavírus e a necessidade de atendimento psicológico emergencial para esse problema, como também a necessidade de abordar o problema nos atendimentos psicológicos em geral, foi desenvolvido esse protocolo.

Trata-se de um breve roteiro para guiar foco do atendimento e deve ser utilizado apenas por psicólogos que tenham experiência e conhecimento para trabalhar com essas informações e orientações. Um profissional que não se sinta capacitado para o atendimento nesse momento, ou que não saiba como trabalhar com os itens do protocolo, deve procurar supervisão.

Esse protocolo não foi testado e por isso também deve ser utilizado com cuidado. Um psicólogo com experiência suficiente pode utilizar o material e adaptar a necessidade do cliente, da situação ou da área de atendimento.

Rapport – Avaliação inicial sobre a demanda, perfil e riscos

Contextos principais:

  •  Ocupacional / financeiro: 
  •  Saúde: específica (vírus) e geral (outros problemas) 
  •  Individual / familiar 

Paradigmas envolvidos: 

  • As medidas de isolamento social servem para conter a disseminação do vírus, mas impactam dois outros contextos e sistemas: Econômico e ocupacional.
  • Funcionamento da ansiedade: situação de risco que ativa mecanismos físicos e psicológicos com reações de paralisação, fuga, evitação ou enfrentamento.
  • Funcionamento da ansiedade em “situações reais” versus em “transtornos mentais”, 
    •  Não existe risco real envolvido.
    •  Ausência de resposta de enfrentamento.
    •  Foco da atenção no corpo e nos pensamentos catastróficos e não na análise da situação que oferece risco.
    •  Diversas respostas de fuga/esquiva podem ser efetivas diante de riscos reais, o que cria a falsa impressão que não é necessário o enfrentamento.
  • Dissonância cognitiva: resultante do conflito entre o isolamento social e a crise econômica a partir da parada do sistema produtivo. 
  • Pensamentos distorcidos polarizados: De um lado que a preocupação com o vírus é exagerada e que o sistema produtivo não pode parar. De outro lado, que ninguém pode sair de casa independente das consequências que isso vai causar. 

Meta:

Enfrentamento e resiliência focada em ações de curto prazo.

  • Devido a imprevisibilidade da situação
  • Devido a dependência de ações que ocorrem em outros níveis de decisão.
  • Considerando contexto individual, familiar, ocupacional, saúde e financeiro.

Orientações/verificações:

  • Isolamento social: minimizar a curva de contaminação.
  • Crise do sistema de saúde, econômico e psicológico.
  • Incerteza sobre o futuro a médio prazo com indicativo de melhora após 4 meses.
  • O que fazer em caso de sintomas e canais oficiais de informação.
  • Excesso de informações, ansiedade e estresse
  • A importância das rotinas diárias
  • Contato com familiares, amigos, colegas
  • Comportamentos de prevenção não efetivos: desinfetar a casa, passar álcool em gel dentro de casa, se sentir vulnerável em espaços abertos sem a presença de pessoas.

Esse protocolo foi desenvolvido por Oliver Zancul Prado (CRP 06/55700)

Abaixo os principais recursos e material relacionado ao atendimento psicológico durante a pandemia:

Efeitos psicológicos da quarentena. (?The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30460-8)

  • Estresse agudo, medo, exaustão, culpa, tristeza, confusão mental, desconexão das pessoas, ansiedade, insônia, falta de concentração, dificuldade para tomar decisões, baixo desempenho no trabalho, recusa ao trabalho, risco para desenvolver estresse pós traumático, depressão, abuso de substâncias. Risco de continuidade de comportamentos de esquiva (evitação de contato, lavagem das mãos, limpeza, etc)
  • Preditores de impacto: adolescentes e jovens, baixo nível educacional, gênero feminino, ter um filho pequeno ou ter muitos filhos pequenos, histórico de transtornos mentais, trabalhadores da área de saúde.
  • Estressores durante a quarentena:
    • Duração da quarentena: piora a partir de 10 dias
    • Medo de infeção
    • Frustração e tédio 
    • Problemas com suprimentos 
    • Informações inadequadas 
  • Estressores após quarentena
    • Problemas financeiros
    • Estigma / preconceito
  • Ações para mitigar consequências
    • Manter pelo período mais curto possível 
    • Informações precisas e verdadeiras
    • Fornecimento de suprimentos
    • Comunicação: rede social e contatos
    • Profissionais da saúde: suporte e apoio da organização
    • Quarentena voluntária é melhor que obrigatória

Enfrentamento COVID-19 – Sociedade Brasileira de Psicologia.  A SBP, através do Grupo de Trabalho (GT) de enfrentamento da Pandemia SBP COVID-19, reuniu informações técnicas atualizadas para contribuir com a prática profissional da psicologia.

Primeiros cuidados psicológicos: um guia para trabalhadores de campo – OPAS – OMS

Covid-19 e saúde mental: cartilhas abordam cuidados paliativos e atendimento online – Fiocruz Brasília

 

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