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Psicogerontologia voltado para o paciente com doença de alzheimer: uma visão sobre o ser que envelhece

PSICOGERONTOLOGIA VOLTADO PARA O PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA VISÃO SOBRE O SER QUE ENVELHECE

 

Geilson de Oliveira Barbosa¹
 

RESUMO

As alterações cognitivas e na memória são frequentes na doença de Alzheimer. O idoso sofre diversas perdas cognitivas ao longo do processo da doença, O Alzheimer é causado pela deterioração dos neurônios través da bactéria amiloide, essas placas são formadas de 36-46 aminoácidos que estão presentes na doença de Alzheimer. O ajuntamento dessa placa nos axônios bloqueia a sinalização entre as células e sinapses provocando demência e déficit cognitivo, e em seu estado mais grave; provocando a vulnerabilidade dos idosos. O presente artigo tem como objetivo descrever o perfil do profissional da área psicogerontologia. Um trabalho extremamente necessário, uma vez que o idoso em seu estado de vulnerabilidade, se percebe em dificuldades em lidar com o cotidiano. O psicogerontólogo, tem um papel fundamental, ele exerce uma intervenção entre a família e o doente, possibilitando um ambiente saudável e melhorando a qualidade nas relações entre o idoso e a família, é sempre importante lembra dos desafios da função como desgastes físicos e emocionais, e muitas vezes o familiar ou até mesmo o cuidador não se encontra hábil para lidar com essas demandas. Por isso o papel do psicólogo é fundamental para ajudar a família a passar por essa fase. O artigo pretende demonstrar, como essa área da psicologia voltada para a demência precisa ser mais explorada, a negligência no tocante a informação pode comprometer não apenas o idoso, porém como toda estrutura familiar. Portanto, a exposição desse artigo aponta um caminho no cuidado com o portador da doença de Alzheimer e familiares.

Palavras-chave: Alzheimer. Idoso. Psicogerontologia. Gerontologia.

 

INTRODUÇÃO

Há décadas busca-se conhecer um pouco mais sobre o ser que envelhece, apesar de uma luta em uma área recém-nascida, compreender o idoso já é uma reflexão de civilizações bem mais remotas, os idosos eram vistos como alguém que detinha o conhecimento e a sabedoria. Na China antiga, o filósofo Confúcio pregava que todos os elementos de uma família deveriam obedecer aos mais velhos. Via de regra as sociedades consideravam o estado de velhice dignificante e adotavam como sábio aquele que atingia essa etapa. A gerontologia é a área do conhecimento voltada a esse tema. Um olhar dinâmico em dimensões biológicas, psicológicas e sociais, sobre o processo de envelhecer. No Brasil temos importantes trabalhos nesse campo de estudo que vão abordar a temática do idoso, dentro de uma perspectiva particular, social e psicológica. Esse entendimento tira um pouco a mudança do olhar biológico como uma incapacidade de adaptação, que é uma visão mais clássica da velhice. Falar sobre envelhecimento na contemporaneidade é ter a noção de como esses processos acontecem, e as dimensões psicológicas que envolvem essa Inter-relação (NERI, 2013) apontando o caminho do envelhecimento com um campo multidisciplinar que visa mudanças nas vidas dos indivíduos; assim como os seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais. No entanto, é percebível que a psicogerontologia tem uma longa caminhada a percorrer. Se quiser se estabelecer como um campo de conhecimento dinâmico e sólido em pesquisas, até porque não se tem uma diretriz teórica única sobre a temática em nosso país, logo a resposta a qualquer questão sobre o envelhecimento, vai depender de como ela é feita e a quem é direcionada, pois, o fenômeno da velhice tem um contexto muito amplo, e contextualizados por fatores individuais, interindividuais, grupais e socioculturais. Nessa perspectiva crescem a população dos idosos. No Brasil o aumento da população vem despertando interesses de múltiplas áreas do campo das saúdes, segundo o IBGE (IBGE, 2018) o Brasil manteve o crescimento da população de idosos, ganhamos 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, a população com 60 anos ou mais era de 25,4 milhões. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo em nosso país até a virada do século XXI, haver no Brasil, 8,7 milhões de pessoas com 65 anos.

 

PSICOGERONTOLOGIA E O PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER

Ao longo dos estágios da progressão da doença, os (déficit) são bem percebíveis, por exemplo: no primeiro estágio também conhecido como fase leve, pode ocorrer perda da memória recente ou de curto prazo, essa memória encontrasse na parte frontal do cérebro também responsável por nos ajudar com lembranças recentes. Como; nomes de pessoas, lugares ou palavras. Essa memória age como uma ponte para a memória de longo prazo, armazenando informações que não iremos precisar no futuro. Na fase leve o idoso poderá ter pequenas dificuldades como lembrar o lugar onde guardou a chave de casa, ou sobre percepções do cotidiano. Ao perceber essas dificuldades, o familiar pode adotar uma postura em não ficar questionando o idoso, ou fazendo perguntas que o façam se sentir incapaz. Nessas situações o psicólogo pode auxiliar o familiar a optar por estratégias como restruturação cognitiva, uma boa alternativacolocar lembretes estratégicos para que o idoso fique mais orientado e se sinta menos vulnerável. Já na fase moderada os efeitos do Alzheimer, a perda cognitiva se torna bem mais explicita. Por exemplo: pode acontecer do idoso ter dificuldades com tarefas no dia a dia, coisas simples como: viver sozinho, comer, ou caminhar pelas ruas, no estágio moderado, não lembrar o nome de pessoas próximas é bem comum. Assim como dificuldade com a linguagem, pois a demência pode ter atingido o córtex responsável pela motricidade da fala. Percebesse também que nesse estágio a uma fragilidade quanto aos cuidados com a higiene. A percepção do idoso sobre si mesmo já está bem comprometida. Quando o idoso desenvolve essa etapa da vulnerabilidade, a família não consegue perceber suas mudanças comportamentais que advém dos efeitos da doença no cérebro do idoso. Conceituar a situação tanto para o doente quanto para o familiar pode ajudar na compreensão do entendimento da situação, minimizando os desgastes emocionais. Na fase grave a dependência do familiar e do psicogerontólogo é fundamental. Os danos causados pelas doenças são irreversíveis, há uma enorme dificuldade no armazenamento de dados e dificuldade de acessar a memória de longo prazo. Todo contexto a seu redor estará comprometido.

O Alzheimer sem dúvida atrapalha não apenas a vida do idoso, mas também de quem cuida do mesmo como filhos, neto, etc. A família não entende certos tipos de comportamentos e acabam não sabendo lidar com a situação (NASCIMENTO E FIGUEIREDO, 2019)

Uma visão psicogerontológica da doença pode ajudar os familiares e cuidadores a compreender e lidar com os comportamentos advindos da doença de Alzheimer. Podendo assim contribuir para uma mudança na forma de lidar com o idoso portador da demência (OI EDUCA, 2019) O Alzheimer não é contagioso. É uma doença terminal que causa uma deterioração geral da saúde. Contudo, a causa de morte mais frequente é a pneumonia, porque à medida que a doença progride o sistema imunológico deteriora-se, e surge perda de peso, que aumenta o risco de infecções da garganta e dos pulmões (GHENTE.ORG, 2019, p.1)

O idoso com demência fica vulnerável e dependente de cuidados e muitas famílias não estão preparadas para lidar com esse período que de fato exige uma demanda de trabalho na qual o familiar ou cuidador precisará se adequar à nova rotina do idoso (MORAES, 2008. cap.22, p. 335-339) diante dessas necessidades buscar um suporte psicológico tanto para doente como o familiar pode fazer toda a diferença. Inicialmente o trabalho é individualizado normalmente são as primeiras estratégias utilizadas no primeiro contato com o idoso, tendo um cuidado em elaborar um diagnóstico, que nesse caso se faz pela anamnese do paciente, um trabalho minucioso sobre a história de vida do paciente com a ajuda dos familiares, e se possível do próprio paciente. O diagnóstico da doença de Alzheimer vem do médico do paciente, e geralmente ao ser diagnosticado o idoso já está em algumas da 3 fazes do Alzheimer, leve, moderada ou gravíssima. Porém, pode ocorrer de a família procurar pelo psicólogo por outros motivos, como dificuldades cognitivas, e não o Alzheimer necessariamente. Uma vez que o profissional da psicologia tenha percebido ao longo do psicodiagnóstico, diversos déficit de memória, o psicólogo pode orientar o familiar a procurar um médico (FRAGA, 2016, p. 67-85, 2016.)

O psicogerontólogo pode utilizar testes como o do desenho do relógio, para avaliar possíveis transtornos cognitivos ou neurológico, na aplicação do teste é possível perceber se há dificuldades motoras ou de memória. Teste de fluência verbal, esse teste envolve utilizar o maior número possível de palavras para em um tempo limitado. A não eficácia nesse teste pode levar à suspeita de haver um deficit cognitivo, ou um prejuízo no lobo temporal e frontal (MONTIELL et al., 2014, p. 169 – 180) O paciente para ir bem nesse teste precisa formar palavras novas, o número de palavras dentro de um tempo estabelecido, quanto mais o paciente acrescentar palavras novas com as mesmas iniciais melhor será o resultado do seu teste. Geralmente pacientes com Alzheimer, tanto em seu primeiro estágio da doença como em estágios avançados demonstram resultados bem ruins. Uma vez diagnosticado ou verificado alguma alteração, ou dificuldade cognitiva e motora, o profissional tem um importante papel: o de situar o idoso em relação à fase que talvez já esteja enfrentando e às que vai enfrentar. Sem dúvida esse momento pode ser bem confuso para o idoso entender toda essa demanda que está acontecendo ao seu redor. O psicogerontólogo pode optar pela técnica da psicoeducação para poder conceituar e deixar o paciente familiarizado com o seu quadro e diagnóstico, o psicólogo pode ajudar na compreensão do seu estado de demência.

A compreensão da doença de Alzheimer pode ajudar o idoso a buscar novas alternativas que o ajudarão a enfrentar esse novo momento de sua vida. É bem importante avaliar as circunstâncias em que o idoso está inserido, é bom saber a respeito de doenças ou alguma outra enfermidade que o mesmo possa estar enfrentando. Todos nós passamos por vários momentos de lutos em nossas vidas, mas quando chega na velhice, o luto é vivenciado de forma mais difícil, por isso é importante uma boa anamnese do paciente, pois o mesmo talvez possa estar vindo de outros lutos e perdas, geralmente em sua vida o idoso já viveu diversas perdas como amigos, trabalho, etc. É bem considerável ficar atento, pois a depressão é bem comum nesse contexto.Segundo Freud. (1927):

Há os elementos que parecem escarnecer de qualquer controle humano; a terra, que treme, se escancara e sepulta toda a vida humana e suas obras; a água, que inunda e afoga tudo num torvelinho; as tempestades, que arrastam tudo o que lhes antepõe, as doenças, que só recentemente identificamos como sendo ataques oriundos de outros organismos, e, finalmente, o penoso enigma da morte, contra o qual remédio algum foi encontrado e provavelmente nunca será. É com essas forças que a natureza se ergue contra nós, majestosa, cruel e inexorável; uma vez mais nos traz à mente nossa fraqueza e desamparo, de que pensávamos ter fugido através do trabalho de civilização.

No processo do envelhecimento estão envolvidos fatores psicológicos, como o desamparo e angústia. Encontramos a palavra desamparo sendo utilizada nos escritos de Freud, quando ele vai tratar a relação da criança com o seu cuidador como um meio de sobrevivência.

No entanto, vemos a aplicação dessa palavra nas primeiras experiências de vida pode ser resultado de incompletude do organismo, ou de sua necessidade de realizar uma relação com o outro. Essa busca demonstra uma dependência total da ajuda do outro. É bem habitual o indivíduo vivenciar ao longo de sua vida, diversas formas de desamparo, no entanto, quando chega no estágio da velhice parece que esse sentimento de abandono se torna bem mais frequente. A vivência do desamparo é singular para cada sujeito, isso vai depender muito de como o sujeito se organiza em suas condições psíquicas. Diante da demanda do desamparo cada indivíduo vai lidar com recursos subjetivos que possui. Esse sentimento de desamparo pode ser considerado bem característico na velhice, pois o idoso muitas vezes se vê sozinho decorrente do contexto ao seu redor. Segundo Oliveira et al. (2001, p.58):

A ideia do envelhecer como uma etapa de perdas encontra-se difundida na população de um modo geral, mas também em estudos dessa fase específica do desenvolvimento, como em Carvalho Filho e Alencar (1994). Por sua vez, Garcia Pinto (1987) refere-se a este processo como uma etapa de perdas dos antigos referenciais de vida, implicando no abandono de elementos da realidade e de si mesmo, gerando uma consequente crise de identidade. Essa concepção do envelhecer como uma etapa de crise aparece também em Adrados (1987) quando a caracteriza como: “uma fase de vida em que vê diminuídas as suas possibilidades e precisa enfrentar inúmeras crises que inevitavelmente surgem nessa etapa final da vida”.

A doença de Alzheimer pode agravar essa sensação de solidão, o idoso experimenta e passa por sensações de tristeza, e esses sentimentos vêm como uma percepção negativa de si mesmo, uma vez que o mesmo se sente incapaz de lidar com situações de incapacidades do seu próprio corpo.

O psicogerontólogo pode optar por auxiliar os familiares através dos manejos dos sintomas. Ou seja, saber identifica-los, uma vez feito isso, podemos começar a trabalhar a questão da aceitação: evitar relações emocionais negativas. Quando o paciente é tratado com irritabilidade, ou impaciência, ou agressividade, podem haver mal-estar prolongado e distanciamento, o que pode gerar sentimentos paralisantes como impotência, tristeza, desânimo e intensa dificuldade de presenciar perdas. O familiar não pode agir com indiferença, ignorar os desejos e as atitudes do doente porque ele não se recordará depois pode enfraquecer os vínculos. A falta de respostas favorece a passividade e pode exacerbar confusão e até agressividade. Deixe de lado a aceitação como permissividade excessiva. A identificação dos sintomas e a compreensão das atitudes do paciente não são voluntarias e nem provocativas são muito importantes. Entretanto, a mera aceitação sem acompanhamento ou controle de situações de risco mostra postura permissiva sem tentativa de cuidado, ou imposições de limites (Guia cuidado com a saúde: São Paulo: On Line, 2016. p100)

 

O indivíduo precisa saber a respeito de si, isso que o, torna um ser humano. A doença de Alzheimer rouba a existência do ser na qual ela habita, o idoso perde o referencial de si mesmo já não se sabe nada ao seu respeito nem o que se apresente a sua volta. Então precisamos fazer uma pergunta. Como esse indivíduo está se percebendo? E como a família percebe esse indivíduo?

É considerável que o psicólogo trabalhe a interligação no que tange a inclusão das pessoas envolvidas nesse contexto de condições de vulnerabilidade psicológica. O processo de inclusão e interação é fundamental para minimizar esses sentimentos de desamparo e angústia, e fazer com que a família encontre o valor no idoso que não deixou de fazer parte da família porque envelheceu, normalmente a família tende a se afastar um pouco do seu ente querido, então o idoso é isolado das atividades do dia a dia, e acaba ficando sozinho, tratar o idoso com indiferença não trará nenhum benefício para o mesmo e a família. Mas incluí-lo nas atividades da família pode ajudá-lo a passar por todas essas experiências com mais tranquilidade. Tentar entender o desamparo é mergulhar em uma tentativa de compreender como o idoso com Alzheimer se percebe. O profissional precisa ficar bem atento às características físicas e emocionais que estão sendo demonstrada pelo idoso. Os danos causados pela doença de Alzheimer vão afetar áreas importantes do cérebro causando vários danos na vida do indivíduo, então temos que levar em consideração que todas as expressões faciais e emocionais afetivas que um indivíduo tem em seu estado de normalidade, será diferente em um idoso com a doença de Alzheimer. Ao se deparar com a demência, o profissional precisa estar atento a todo o contexto que envolve a vida do idoso, o mesmo pode estar se sentindo mal ou até mesmo desenvolvendo um quadro de depressão e não expressar nem uma reação de dor, ou de desespero. Isso em algumas famílias podem se tornar um caminho sem volta. Muitas famílias entendem o isolamento a não vontade de se alimentar como um processo normal na velhice, mas ao lidar com essa situação sem levar em consideração os aspectos psicológicos, podemos estar negligenciando problemas mais sérios (LADISLAU ET AL., 2015). Na relação doença, idoso e família, as pessoas experimentam uma gama de sentimentos, sentimentos que muitas vezes atrapalham as relações dos envolvidos, o transtorno de humor atinge de uma maneira considerável os idosos com a doença de Alzheimer. Pesquisas demonstram que sintomas depressivos são observados em até 40 a 50% dos pacientes, enquanto transtornos depressivos acometem algo em torno de 10 a 20% dos casos (FORLENZA, 2000 p. 87 – 95, 2000.) Pode ocorrer de sintomas depressivos diminuírem em pessoas com demência avançada, porém ainda há muitas dúvidas sobre essa questão. Vemos que tais condições têm uma evolução crônica, demonstrando um aumento considerável dentro de um período de um ano. No entanto, percebe-se que pacientes com doença de Alzheimer e depressão apresentam comprometimento funcional maior do que os controles pareados sem depressão (FORLENZA, 2000 p. 87 – 95, 2000.) Nessa perspectiva vemos como é importante, trabalhar a percepção do idoso e da família, já é sabido que a família também adoece ao presenciar o sofrimento do seu ente querido (FORLENZA, 2000 p. 87 – 95, 2000) porém, desenvolver um trabalho onde possamos tornar as famílias, mais consciente da doença de Alzheimer pode ajudar indubitavelmente a relação do doente com a família. O Alzheimer é uma doença sem cura, e um dos seus maiores danos em um estágio mais grave é o não reconhecimento familiar, esse estágio é bem cansativo para todos.

Uma vez que a família tem consciência dessa realidade, as situações do cotidiano se tornam mais fáceis de se lidar. Quando temos consciência da realidade, sem romantizar ou de alguma maneira fantasiar, nossa consciência procura uma forma saudável para lidar com as situações da vida. Todavia, quando acontece o inverso disso, ou seja, quando não estamos conscientes ou existem conflitos em nossa mente, nossa psique também procura por recursos para lidar com aquele sentimento ou demanda, porém por haver um conflito existencial, nossa psique vai optar por um caminho mais fácil, ou um caminho influenciado por uma energia psíquica negativa. No caso, uma força que impulsiona o pensamento disfuncional, então, se eu estou me sentindo angustiado ou triste por não saber lidar com um problema, para não adoecer ou não ter uma atitude agressiva sobre meu próprio corpo, pois meu inconsciente condena tal atitude, por exemplo: cometer algum ato que agrida minha integridade física, optamos pelo caminho mais fácil, então deprimimos, como uma forma de compensar e satisfazer essas vontades. O nosso corpo busca por uma regulação e homeostase a medida que algo está fora do lugar, todos os nossos sistemas internos trabalharão para satisfazer de alguma maneira essas faltas do nosso organismo, essas forças que nos impulsionam a uma determinada direção, são energias, não são boas nem ruins, tudo vai depender do direcionamento que a psique vai dar a ela. Se temos uma situação onde o idoso se sente rejeitado dentro de seu contexto familiar, o mesmo pode direcionar sua energia psíquica para uma tristeza, e posterior mente uma possível depressão. Ainda que o ambiente favoreça todas as possibilidades de uma vida mais saudável, o idoso pode optar pelo caminho do adoecimento. (ROUBAL, 2007, p. 35). Ao não aceitar a doença ou não saber lidar com o Alzheimer, deprimimos e negligenciamos uma realidade que pode comprometer ainda mais situação da família e a vida do idoso. Por isso o psicólogo ao atuar na área da gerontologia, precisa ficar atento a esse sistema de sentimentos e situações que podem comprometer todo um ambiente familiar. (ROUBAL, 2007, p. 35) O familiar ou cuidador ao lidar com o idoso pode se deparar com algumas situações de muita dificuldade. Tanto a negação como a superproteção são atitudes prejudiciais. Portanto, se colocar no lugar do paciente e tentar intender sobre o ponto de vista dele pode ajudar a compreender melhor o idoso com demência.

O parente precisa estar consciente com o quadro degenerativo, então não espere que o idoso faça todos os tipos de atividades e, no outro extremo, não o cobre perguntas como: ‘’você não se lembra disso? ’’. Não se deve também chamar a atenção por contas dos erros e incapacidades, isso pode aumentar a sensação de incapacidade e frustação, essa atitude pode fazer com que o idoso se desanime e se isole. Permita que o paciente desfrute das tarefas que ainda consegue realizar sozinho, quanto mais estímulos tiver melhor. No decorrer do processo de cuidado, o idoso pode desenvolver delírios ou sentir-se perseguido. Ao se deparar com essa situação tente explicar o que está acontecendo e que ninguém quer fazer mal a ele. Dê, parâmetros de realidade explicitando os fatos. Se a pessoa for considerada nociva, certamente será incluída no delírio e isso a afastará de qualquer possibilidade de receber ajuda. Pode haver momentos de alucinação, se isso ocorrer o profissional da psicologia pode auxiliar a família a não discutir com o paciente sobre a veracidade do que ele está vendo ou ouvindo. Tentar identificar se há um fator desencadeante da alucinação. Ele pode estar em um ambiente com um objeto de decoração ou em uma sala mal iluminada produzindo sobra no ambiente. Proporcionar um acolhimento ao paciente, incluindo-o nas atividades e nas conversas familiares ajudam a diminuir o estresse do cotidiano. Não espere o quadro melhorar sozinho, pois é bem provável que os sintomas se agravem.

Sabemos que o tratamento para o Alzheimer é fundamental para manter a sobrevivência e uma melhor qualidade de vida do idoso, na busca por adiar a piora dos sintomas, podemos combinar medicamentos e atividades de estimulação cognitiva. Alguns tratamentos alternativos se tornam um grande aliado na luta contra o Alzheimer.

Dentre eles alguns cuidados paliativos como, o familiar pode optar pela atividade de acupuntura, que é um tratamento que pode aumentar o bem- estar de quem tem a Alzheimer, estudos demonstram que essa atividade pode ajudar muito em relação à ansiedade e a depressão, também aumenta a energia e diminui as dores corporais relacionadas ao envelhecimento, que é uma realidade na vida de muitos idosos. A acupuntura desenvolvida para harmonizar corpo e mente, prevenir doenças e aliviar dores por meio da estimulação de pontos específicos do corpo, é uma das técnicas terapêuticas mais antigas da medicina tradicional chinesa. A meditação a Ioga, pode ser outras atividades que o idoso pode optar, além de serem umas atividades relaxantes, podem desempenhar um papel na prevenção do Alzheimer e melhora os sintomas na qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. O processo de perda de neurônios e mudanças estruturais do cérebro começa de 15 a 20 anos antes de aparecerem os sintomas iniciais, porém o estágio mais 85 e 95 anos o idoso com Alzheimer tem uma perda significativa de memória, e muitas vezes não se lembra mais de seus familiares e dificuldade para desenvolver tarefas simples. Estas duas práticas Ioga e meditação são considerados exercícios para o cérebro, porque envolvem diferentes partes órgão como, a prática de respiração consciente, movimento, postura, visualização e concentração. Também ajuda a diminuir os hormônios do estresse, além de ajudar no controle da ansiedade. As práticas ajudam a acalmar a mente, o que resulta em conforto emocional e maior capacidade de concentração. Sanchez, M. G. D. A. P. (2019) Atividade física é uma ótima opção para o portador de Alzheimer e pode reduzir em até 60% a doença com a prática da atividade física, além de trazer uma sensação de bem- estar é extremamente saudável, e por causa das atividades físicas é possível manter pequenos vasos sanguíneos do cérebro saudáveis, além de proteger contra, pressão alta e diabetes.

A atividade física também pode reduzir a concentração da proteína amilóide, que se acumula no cérebro de idosos com a doença. O mais recomendado é que o idoso faça de 20 minutos a 1 hora de atividade físicas 3 vezes por semana, e com intensidade moderada, as atividades recomendadas para portadores de Alzheimer são os fortalecimentos dos músculos geralmente sentados em algum equipamento, onde o instrutor pode controlar a intensidade e amplitudes das atividades realizadas. A atividade física deve estimular o idoso fazendo com que ele redescubra o esquema corporal, e facilita na capacidade motora do paciente. A atividade física melhorar o aspecto moral e a confiança, restituir a autoestima e consequentemente, ajudar a manter qualidade de vida. Ter uma boa noite de sono é agudamente considerável, adotar um comportamento que inclua uma rotina, dependendo da necessidade de cada um pode ajudar na prevenção da doença de Alzheimer, segundo Garuffi, M., Gobbi, S., Hernandez, S. S. S., vital, T. M., Stein, A. M., Pedroso, R. V., … & Stella, F. (2011, 16(1), 80 – 83).

Contudo precisamos estar bem atentos não apenas com a rotina do idoso, mas com a dos familiares como dos cuidadores. Visto que rotinas de noites mal dormidas podem contribuir ou até mesmo ser um sintoma da doença. Dormir pouco ou mal pode trazer alguns malefícios para o idoso como: ganho de peso, enfraquecimento do sistema imunológico, mau humor, cansaço e predisposição para diabetes, obesidade e problemas no coração. Similarmente causa impacto no desempenho cognitivo e intelectual, também afeta a memória e concentração. Estudos também demonstram que a doença de Alzheimer causa atrofia na parte do cérebro que controla a temperatura do corpo e a produção de melatonina, um hormônio que nos ajuda a dormir, o que estabelece uma ligação entre o Alzheimer e o sono. É claro que outros fatores podem causar a falta de sono, todavia é sempre bom ficar atento.

 

CONCLUSÕES

Ao considerar o papel do familiar e cuidador, é preciso considerar os efeitos negativos da função, como desgastes físicos e emocionais, sem dúvida é um trabalho difícil devido à complexidade da situação. Por isso o papel do psicólogo é fundamental para ajudar a família a passar por essa fase. Este presente artigo demonstra que por mais que essa área ainda seja um campo novo, e pouco conhecido dentro da saúde familiar, se faz importante como um auxílio às famílias. A situação de lidar com o idoso se constitui uma situação de crise quase sempre, são muitas mudanças que a família precisa adaptar-se. Então é comum que em algum momento ocorra alguma dificuldade emocional. No entanto, o familiar precisa saber que não precisa enfrentar essa luta sozinho, reconhecer suas limitações são o primeiro passo para se construir ambiente saudável tanto para o idoso quanto para o familiar. Todas essas percepções sobre o universo do idoso, aponta um caminho para a psicogerontologia quanto à atuação junto a esse público com demência. Poucas instituições em nosso país reconhece a necessidade desse profissional, então, o que temos é uma psicologia muito generalizada quanto aos cuidados com o idoso, não se trata de apenas cuidar ou fazer um trabalho psicoterapêutico com o paciente, mas ser eficaz quanto ao tratamento, e para isso se faz necessário que se publique mais literaturas voltadas para psicogerontologia, e oportunidades de pós-graduação e doutorado abrangendo essa área. Hoje em nossa sociedade nos deparamos com muitas doenças já em seu estado avançado, o Alzheimer é uma dessas doenças, então o tratamento por mais que seja de qualidade, às vezes chega ao paciente muito tarde. E muitas vezes o paciente e o familiar já estão completamente desgastados decorrente da situação. Fornecer uma política de prevenção para esse público. Uma política bem-feita onde o familiar tenha acesso a esse profissional para buscar ajuda, e não ficar apenas preso ao médico do paciente. Centrar essa temática nos programas de graduação pode ajudar na divulgação e no conhecimento desse campo que se faz tão necessário e esquecido ao mesmo tempo.

 

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