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A Energia Psíquica: O Significado da Libido Segundo Freud

A psicanálise revolucionou a maneira como compreendemos a mente humana e seus processos mais profundos, sendo Sigmund Freud um dos principais nomes responsáveis por essa transformação. Entre os muitos conceitos desenvolvidos pelo pai da psicanálise, a libido ocupa um papel central, pois está diretamente relacionada aos impulsos, desejos e motivações do ser humano. O termo, que originalmente significa “desejo” ou “anseio” em latim, foi ressignificado por Freud para descrever a energia psíquica associada às pulsões sexuais. No entanto, sua concepção vai muito além do ato sexual, abrangendo aspectos emocionais e psicológicos essenciais para o desenvolvimento do indivíduo.

Freud desenvolveu a teoria da libido dentro de sua teoria do desenvolvimento psicossexual, que propõe que a energia libidinal se desloca por diferentes zonas do corpo ao longo do crescimento, influenciando o comportamento e a formação da personalidade. Durante a fase oral, nos primeiros anos de vida, a libido está concentrada na boca, sendo o prazer derivado da amamentação e sucção. Posteriormente, na fase anal, a criança experimenta prazer na retenção e expulsão das fezes, momento crucial para o desenvolvimento de traços como organização ou rebeldia. A fase fálica marca o despertar da curiosidade sobre as diferenças entre os sexos e leva ao complexo de Édipo, conceito fundamental na teoria freudiana. Com a chegada da fase de latência, a energia libidinal se desloca para atividades sociais e intelectuais, sendo finalmente direcionada para relacionamentos amorosos e reprodutivos na fase genital.

Além do desenvolvimento psicossexual, Freud também introduziu os conceitos de Eros e Thanatos, representando respectivamente as pulsões de vida e de morte. Enquanto a libido está associada a Eros, impulsionando o indivíduo para a criação, preservação e prazer, Thanatos representa a tendência à destruição e ao retorno ao estado inanimado. Essa dualidade é essencial para compreender os conflitos internos que regem o comportamento humano, evidenciando a constante luta entre desejos e repressões. A repressão da libido pode resultar em neuroses e outros distúrbios psíquicos, pois a energia psíquica reprimida busca expressar-se de formas alternativas, como sintomas físicos ou manifestações artísticas e criativas.

A libido também desempenha um papel fundamental na formação da personalidade, sendo um dos principais motores dos conflitos psíquicos que surgem entre as três instâncias do aparelho psíquico proposto por Freud: o id, que representa os impulsos primitivos e desejos inconscientes; o ego, responsável pela mediação entre os desejos do id e as exigências da realidade; e o superego, que incorpora os valores e normas sociais. Esse embate interno determina a forma como os indivíduos lidam com suas vontades e frustrações ao longo da vida.

Embora tenha sido amplamente discutida e reformulada por diversos teóricos ao longo do século XX, a teoria da libido de Freud continua sendo uma referência essencial para a compreensão da psicodinâmica humana. Seu impacto ultrapassa os limites da psicanálise, influenciando áreas como a psicologia, a filosofia e até mesmo a cultura popular. O estudo da libido revela não apenas os mecanismos que governam o desejo, mas também a complexidade da psique humana e a intrincada rede de forças que moldam o comportamento e as relações interpessoais.

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