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Desemprego juvenil

De 100 jovens brasileiros que ingressaram no mercado de trabalho de 1995 a 2005, apenas 45 encontraram algum tipo de ocupação e 55 ficaram desempregados. Além disso, o número de jovens desocupados mais que dobrou nesses dez anos, saltando de 2,1 para 4,4 milhões.
De 100 jovens brasileiros que ingressaram no mercado de trabalho de 1995 a 2005, apenas 45 encontraram algum tipo de ocupação e 55 ficaram desempregados. Além disso, o número de jovens desocupados mais que dobrou nesses dez anos, saltando de 2,1 para 4,4 milhões.
A conclusão é de Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que concluiu no início de março o estudo Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil: um balanço dos últimos dez anos.

O trabalho se baseou em informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios e Contas Nacionais (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada de 1995 a 2005. Os dados se referem a 35 milhões de jovens entre 15 e 24 anos.

Pochmann aponta que, nos dez anos analisados, o desemprego cresceu mais para os jovens do que para as demais faixas etárias. Em 2005, a quantidade de jovens desempregados era 107% superior à de 1995, enquanto o desemprego para a população economicamente ativa restante do país foi 90% superior.

“Uma parte significativa dos jovens brasileiros vive em condições de pobreza absoluta, com enormes dificuldades para estudar. Por outro lado, a juventude está sendo cada vez mais pressionada a ingressar no mercado de trabalho. Hoje, de cada dez jovens entre 15 e 24 anos, sete estão inseridos no mercado de trabalho, empregados ou à procura de emprego, o que contribui para o aumento da prevalência de desemprego nessa faixa etária”, disse o professor à Agência FAPESP.

A situação é ainda mais dramática para jovens do sexo feminino. Entre 1995 e 2005, a taxa nacional de desemprego feminino passou de 14,1% para 25% (aumento de 77,4%), enquanto a taxa masculina alterou-se de 9,7% para 15,3% (aumento de 57,8%).

“As mulheres ainda estão presentes em menor quantidade no mercado de trabalho. No entanto, por motivos como gravidez precoce e o crescimento de mulheres que chefiam famílias, atualmente elas sofrem uma pressão familiar maior para arrumar emprego quando comparadas aos homens. Isso faz com que elas entrem mais cedo no mercado de trabalho e sejam responsáveis por taxas ainda maiores de desemprego“, justifica Pochmann.

Segundo o estudo, entre 1995 e 2005 o país gerou 17,5 milhões de novas ocupações, mas somente 1,8 milhão de vagas foram preenchidas por pessoas de 15 a 24 anos de idade. Em 2005, a população nessa faixa etária era de 35,1 milhões de indivíduos, ou 19% da população brasileira.

Causas possíveis

O pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp observa que, ao considerar a variável renda, quanto menor for o rendimento familiar, mais alta é a taxa de desemprego juvenil.

Em 2005, entre as famílias de baixa renda que vivem com menos de meio salário mínimo mensal para cada membro, de cada 100 jovens havia 74 inseridos no mercado de trabalho, com ou sem emprego. Desses, 20 ainda estavam desempregados. Já entre as famílias com maior nível de renda, acima de três salários mínimos mensais por membro, a cada 100 jovens havia 65 ativos no mercado de trabalho e somente 9 desempregados.

Para piorar a situação, diz Pochmann, a economia nacional não vem crescendo o que deveria para gerar empregos para toda a população que entra no mercado de trabalho. Segundo ele, entre 1995 e 2005, o produto interno bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, teve crescimento médio de 2,6% ao ano.

O pesquisador aponta que o Brasil deveria crescer, pelo menos, 5% ao ano para poder absorver os 2,5 milhões de pessoas, de todas as faixas etárias, que ingressam anualmente no mercado de trabalho. “Esse cálculo é feito por meio de estimativas da elasticidade produto-emprego, que indica a quantidade de emprego que pode ser gerado ao longo do tempo, a partir do aumento ou diminuição do PIB”, explica o economista.

O trabalho analisou a situação do jovem entre 1995 e 2005, pois algumas medidas de políticas públicas voltadas para a temática juvenil foram adotadas por diferentes governos nesse período. “Mas, apesar do esforço, os resultados dessas políticas ainda se mostram insuficientes para gerar novos postos de trabalho e o segmento juvenil é o mais afetado por essa situação”, conta.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=6885]Agência FAPESP[/url]

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