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Édipo Teológico

Desembocando no Édipo, o trabalho de Freud aponta a necessidade de sua resolução para a saúde mental humana. Seria o desfecho do clássico grego o único possível? Esse artigo lança uma reflexão sobre o desfecho dado por Cristo à dois mil anos atras.
Freud, pai da psicanálise, para efeito de estudos, dividiu em três estratos os processos da mente humana: O Id, o Ego e o Super-Ego.

De acordo com Freud, o Super-Ego representa as forças coercitivas da sociedade sobre o Homem; representa a autoridade. Por isso, o Super-Ego é associada à figura paterna.

O Ego, segundo Freud, representa o consciente humano. É o EU do indivíduo. O Id representa o subconsciente, os desejos que ficam ocultos; a busca do prazer; que, para Freud, estava ligada à figura materna (Alimento, carinho, compreensão, acolhida).

Assim, o Ser (Ego) está no meio de uma luta entre o desejo, da procura do prazer, que vem do Id, em contraposição ao freio social; que são as noções de certo e errado emanados pela sociedade; tendo que decidir entre os dois.

Dessa feita, o equilíbrio mental do ser humano depende de como ele (Ego) administra esse conflito (Desejos x Imposição Social). Para Freud, o desejo (Id) do ser humano é a liberdade (Inexistência do Super-Ego); que atinge ao máximo quando o Ego (Representado pelo filho), elimina totalmente as repressões sociais do Super-Ego (Pai); no qual ele (Ego) toma o poder sobre a sua própria vida (Toma o lugar do Pai); podendo abraçar os seus próprios desejos (Id-Mãe); tal qual o mito de Édipo Rei; onde o filho (Ego) mata o próprio pai (Super-Ego), se casando com a própria mãe (Abraçando o próprio Id; que são os desejos repreendidos).

Na história de Édipo Rei, a liberdade obtida com a morte do Super-Ego e o abraçar dos desejos Id, representa o centrar na satisfação dos próprios desejos, sem freios, sem enxergar os limites que é outro. Essa cegueira do outro leva o homem a vagar sem casa, sem lar, atormentado e sem sossego, sem a acolhida de seus iguais.

O conflito do Édipo, e seu desfecho na mitologia grega; não é o único desfecho clássico apresentado na história.

O Homem, semelhante à Deus, é trino (Afinal, imagem e semelhança). Deus Pai é o Super-Ego: Ordem implacável; severidade. Deus Filho é o Ego. Não é por um acaso que ele é PONTÍFICE. O Ego é PONTE entre o Id e o Super-Ego. É ele quem faz a mediação entre os dois; fazendo com que a “justiça pura” seja temperada com ao “amor” e vice-versa. Não é por um acaso que à Ele (Jesus) é entregue o julgamento da humanidade no final dos tempos. Se fosse por Deus Pai (Justiça), dificilmente alguém se salvaria. Se fosse Espírito Santo (Amor), todos seriam perdoados. Com Jesus se tem a balança (Ego) entre os dois. Por fim, o Deus Espírito Santo; o Id; é o SERVIÇO; os DONS; o que está DENTRO e não pode ser visto; mas que movimenta a Vida. Ele é a própria Igreja; pois é com Ele (O Espírito Santo) que a Igreja começa; e sem Ele, Espírito Santo; ela não existiria.

Assim, Jesus (Ego) é o intermediário que une (A ponte entre) Deus Pai (Super-Ego) e o Id (Espírito Santo), que é a alma da própria Igreja; Igreja essa que é o conjunto de toda a humanidade à serviço do Reino.

Dessa feita, o Édipo, na figura de Jesus, é resolvido não com a morte do Pai (Super-Ego), mas com a volta do Filho para o Pai (Morte na Cruz é a elevação do Filho à unir-se com o Pai; é o Filho se torna um com o Pai em sua totalidade); o qual; se unindo à Ele; se liberta; liberando o próprio Id (Espírito Santo, que é serviço) para a vida no mundo (Sociedade).

Dessa forma, pela Teologia Cristã, o Édipo se resolve com o Filho (Ego) que amadurece e toma o seu lugar junto ao Pai (Super-Ego); no lugar de matá-lo. Como IGUAL (Adulto, maduro), tomando o seu lugar junto ao Pai, fazendo parte da “sociedade celeste”; passa o Cristo a “negociar” as regras, a condução do Reino, de igual para igual com o Pai. Esse assumir de forma madura o seu lugar de igual junto ao Pai soluciona o Édipo e libera o Id (Espírito Santo) para a sua realização no mundo adulto dentro da comunidade (Igreja); na ajuda da condução dos outros “filhos”; irmãos adotivos, para o mesmo destino inexorável que é a realização do Cristo Cósmico no homem. Assim, no lugar dos desejos humanos dirigirem o Homem (Como na criança, que procura unicamente o que lhe é prazeroso); eliminando o Pai, como no clássico grego do Édipo; a saída do saudável indicado pelo Cristo, para o Homem adulto, é a união desse mesmo Homem (Ego) à Deus (Super-Ego); se libertando e dirigindo o seu desejo (Id) para o serviço da comunidade; tal qual Jesus; em busca de sua máxima realização como pessoa; na companhia de seus irmãos e irmãs; onde naturalmente, ao promover a Vida, encontra o seu complemento e companheira, tornando-se ele mesmo Pai; fechando assim o ciclo da vida.

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