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Brincadeiras reduzem dor e ansiedade de crianças internadas

Um estudo realizado com 34 crianças em idade pré-escolar no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo, e publicado na última edição da revista "Acta Paulista de Enfermagem" avaliou o comportamento dos pacientes ao receber um curativo com e sem a brincadeira.

Um estudo realizado com 34 crianças em idade pré-escolar no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo, e publicado na última edição da revista "Acta Paulista de Enfermagem" avaliou o comportamento dos pacientes ao receber um curativo com e sem a brincadeira.

Os voluntários haviam passado por cirurgias e, antes de se submeterem ao curativo, brincaram com uma boneca que portava acessórios médicos. A criança era convidada a fazer curativos no brinquedo.

Após a brincadeira, a pontuação de dor, medida por meio de figuras apontadas pela criança, foi reduzida. A adesão ao procedimento também foi bem melhor com o auxílio da boneca.

"Atribuímos a melhora à diminuição do estresse, do medo do desconhecido. Observamos a tensão muscular e a expressão de medo que a criança apresentava. Depois do brinquedo, o comportamento foi diferente", afirma a enfermeira Mariana Kiche, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Outros dois trabalhos, ainda não publicados, foram realizados no mesmo hospital com cerca de 30 crianças e apontam resultados semelhantes. Um deles avaliou o papel do brinquedo terapêutico durante a quimioterapia e o outro, na preparação dos pacientes para cirurgia. Em ambos os casos, as crianças se mostraram mais tranquilas e confiantes durante os procedimentos.

"É uma área de grande produção de pesquisa. Todos os estudos apontam benefícios do brinquedo, porque a colaboração da criança para o procedimento é significativa", explica a enfermeira Fabiane de Amorim Almeida, pesquisadora do Grupo de Estudos do Brinquedo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Brincadeira diferenciada

Apesar de ser muito saudável, a brincadeira dentro do hospital sem orientação não é considerada terapêutica. Para ser chamado de brinquedo terapêutico, é preciso que haja acompanhamento profissional, com o objetivo de ajudar a criança a superar as dificuldades e a aliviar a ansiedade.

"O brincar por si só é prazeroso, recreativo e ensina indiretamente, mas só vai ser terapêutico quando tem enfoque específico. No hospital, quero auxiliar a criança a entender a cirurgia que vai fazer, por exemplo", argumenta Aide Mitie Kudo, terapeuta ocupacional do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

Geralmente, as sessões de brincadeira duram de 15 minutos a uma hora. Elas têm vários objetivos. O profissional pode oferecer o material à criança e deixá-la brincar livremente para entender como ela se sente com uma situação.

Em outro caso, o especialista prepara o paciente para o procedimento (uma cirurgia, por exemplo), explicando-lhe o que vai acontecer. E, na terceira aplicação, o objetivo é fazer com que a criança colabore com uma atividade em sua recuperação, como exercícios respiratórios.

"Tentamos minimizar o sofrimento inerente ao processo. A brincadeira ajuda a elaborar experiências desconhecidas, a criança pode representar e dramatizar o que vai acontecer, pode antecipar sentimentos.

Isso diminui a angústia, o medo, a criança entende melhor, aceita melhor. E isso melhora o prognóstico", diz Daniela Carla Prestes, chefe do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR).


Para brincar

– Bonecos que representam familiares, profissionais de saúde e bichos de estimação

– Panelinhas, carrinhos, mamadeira, telefone (para dramatizar momentos do dia a dia)

– Itens relacionados ao hospital, como seringas, agulhas, termômetro, pinças, esparadrapos, estetoscópio

Fonte: BOL Notícias

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