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Pré-consciente:

Um discurso anti-psiquiátrico

         por Rubia Martins


 

Um dos objetivos principais da Psicologia é permitir que o indivíduo entre em contato com seus próprios conteúdos para poder elaborá-los e enfrentar seus confl itos. Para tanto, é necessário, antes de tudo, que o indivíduo permita-se conhecer tais conteúdos, interpretá-los e compreendê-los em sua totalidade. Sendo assim, cabe ao psicólogo ajudá-lo quando ele não consegue identifi car seus “calcanhares de Aquiles”, acolhendo e suportando junto a ele no trajeto até o auto-conhecimento. Neste trajeto, encontram-se os vários fatores, conscientes e inconscientes, que permeiam os conteúdos do indivíduo, que englobam desde o contexto familiar no qual está inserido até seus sonhos e fantasias infantis e seria para esmiuçar este trajeto que nós, os psicólogos, estamos aqui, oferecendo ao indivíduo a possibilidade de ser no todo, por inteiro.

Nos dias de hoje, em que a Medicina e Psicofarmacologia desenvolvem-se cada vez mais e a sociedade contemporânea traz mais e mais vicissitudes, é conveniente que as pessoas procurem os caminhos mais fáceis: é muito mais simples tomar um anti-depressivo ou qualquer outro remédio do que mexer em conteúdos doloridos em terapia. É mais complexo remexer em nossas estruturas já tão bem estabelecidas e estáveis, então é melhor remediar do que curar.

A Psiquiatria permite esta facilidade à sociedade, transformando todas as psicopatologias em doenças neurológicas, classifi catórias, objetivantes do indivíduo, que não consideram seus aspectos subjetivos tampouco a multideterminação de seus sintomas determinações estas que muitas vezes são inclusive inconscientes. Seu sistema de classificação e padronização não considera as individualidades, os contextos, os ambientes, a experiência de vida de cada um e, assim, todos tomam os mesmos medicamentos e se rotulam com as mesmas doenças (Eu tenho Síndrome do Pânico, meu filho tem Déficit de Atenção), ignorando um princípio básico do ser humano: cada pessoa é um indivíduo singular e único, e não mais exemplares disponíveis no mercado como supõe a Psiquiatria.

Rúbia Martins é colaboradora do zinePREPSICO
e aluna do 8º semestre de Psicologia na UPM –

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