Desejo mórbido de roubar. Termo psiquiátrico criado por J. C. Kiernan para designar "o roubo associado à excitação sexual" – por analogia com "algolagnia". Em 1896, La Cassague (e mais tarde outros) tinha enfatizado que sexo e cleptomania estavam freqüentemente associados, mas a noção predominante de que a "cleptomania era uma síndrome de impulsos irresistíveis e sem motivo para o roubo, baseado na 'degeneração' constitucional", persistiu. "Em 1908, W. Stekel observou que os roubos irresistíveis e aparentemente sem motivo eram formas substitutivas da gratificação sexual [em conseqüência de privação ou repressão sexual]. O conceito de Ellis de cleptolagnia representou o roubo como um meio de gerar medo e ansiedade, a fim de 'reforçar' o 'impulso sexual débil', em sua busca de gratificação. Faltando-lhe a compreensão da psicodinâmica que resulta do treinamento e da experiência clínicos, Ellis não pôde considerar que os estados de ansiedade que, para ele, pareciam 'transbordar para a esfera sexual', são, na realidade, como o próprio roubo, uma forma de defesa do ego contra impulsos sexuais que ameaçam derrotá-lo. Ellis separou o seu conceito de cleptolagnia de casos essencialmente semelhantes de outros investigadores e das conclusões fundamentais de Stekel. Mas as suas observações foram influentes, na medida em que puseram fim ao obscurantismo que cercava a cleptomania. A compreensão da piromania, para a qual Ellis, numa nota de rodapé, propôs o termo 'pirolagnia', seguindo o exemplo de Kiernan, deve também ter sido indiretamente ampliada por este estudo, embora não se compare às observações feitas por Stekel sobre o assunto."