Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa desenvolvida pela bióloga Roberta Nagai Manelli, da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP (Universidade de São Paulo). O estudo conclui que a dupla jornada – profissional e acadêmica – interfere negativamente no tempo que estudantes universitários dedicam às aulas.
A tese de doutorado "O trabalho de jovens universitários e repercussões no sono e na sonolência: trabalhar e estudar afeta diferentemente homens e mulheres?" mostra que os universitários que trabalham durante o dia e estudam à noite apresentam redução no tempo de sono durante os dias úteis da semana e têm "rebote de sono" aos finais de semana.
"Durante os dias de trabalho, os estudantes têm um 'dia longo', pois acordam muito cedo por causa do trabalho e dormem muito tarde devido à vida acadêmica. Com essa dupla jornada, eles apresentam expressiva redução no tempo de sono, o que pode influenciar negativamente o desempenho acadêmico, no trabalho e no tempo livre que dispõe durante a semana. Os universitários que têm jornadas de trabalho mais longas foram aqueles que mais faltaram às aulas, comprometendo o desempenho acadêmico", explica Roberta.
Foi observado que os estudantes que trabalham dormem, em média, de 5 a 6 horas por noite. Segundo a pesquisadora, não é possível dizer se é uma média baixa, pois isso depende de cada um. "Há pessoas conhecidas como 'grandes dormidores', que precisam dormir mais de 8 ou 9 horas por noite e existem também os 'pequenos dormidores', que precisam dormir bem menos do que 8 horas", diz.
Padrões de sono
Algumas diferenças foram verificadas nos padrões de sono da faixa etária estudada. A principal diferença está em relação à duração de sono e sonolência entre homens e mulheres. "Como já havia sido observado na literatura, a duração do sono das mulheres foi maior que a dos homens. Tanto nos dias de trabalho quanto nos finais de semana essa diferença foi em torno de 1 hora. Alem disso, as mulheres apresentaram maior eficiência de sono. No entanto, ainda assim, as mulheres apresentaram maiores níveis de sonolência quando comparadas aos homens e maiores tempos de reação", explica Roberta.
Nos finais de semana foi observado o chamado "rebote de sono", no qual a duração de sono foi mais de 1,5 horas maior se comparada aos dias de trabalho. Segundo a pesquisadora, "os resultados da pesquisa mostraram que menores níveis de sonolência e tempos de reação mais rápidos foram observados nos finais de semana. Possivelmente, o aumento do alerta no domingo pode ser um reflexo de duas noites de sono em que os jovens puderam dormir o quanto desejavam".
Fonte: BOL Notícias