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Discussão sobre a eficácia do pensamento sistêmica sobre a fragmentação das relações sistêmicas

Discute-se uma nova visão de como encarar o meio, os indivíduos que nos cercam, discute-se um novo paradigma do que seria a nossa interação com a vida. A teoria dos sistemas nos leva a pensar que olhar um indivíduo como parte única de um contexto não seria a forma mais correta. Pode-se fazer esta leitura em filmes clássicos como o Ponto de Mutação (que discute a mudança de paradigmas cristalizados e a probabilidade destes novos pensamentos serem palpáveis à esfera da realidade que nos circunda), além do mais novo sucesso dos cinemas: Avatar. Em ambos os filmes, vemos os indivíduos interligados por uma rede invisível que acaba por nos tornar uma só coisa e assim ter a forma mais eficaz de se equilibrar o meio em que vivemos.
Na esfera artística do teatro tem-se uma expressão chamada “Uruborus”, que seria o mito do eterno retorno (Nietzsche) que é representado por uma cobra abocanhando a própria calda. Em um “zoom” conseguimos enxergar um Homem composto por órgãos, células, átomos entre tantas outras energias físicas que quando retirado este “zoom”, para nosso espanto, podemos estar diante outro indivíduo em um local a quilômetros de distância do primeiro observado. Este eterno retorno nos sensibiliza para a ideia de que estamos fisicamente ligados. Não se limitando aos Homens, pois após um zoom, o afastamento pode resultar em um gato, uma árvore ou uma pedra, pois intimamente somos todos um único sistema chamado vida.
Pensar um indivíduo como parte única de um sistema é torná-lo pela exclusiva de uma esfera que engloba outros indivíduos, daí a ideia de desfuncionalidade para a teoria. Se pararmos para pensar na atual situação do planeta, a saída mais perspicaz seria uma conscientização Humana dos problemas que nos afligem. Olhas especificamente para o desmatamento que ocorre em tão larga escala ultimamente, anula as interações sistêmicas que ocorrem ao redor deste acontecimento. A necessidade da pastagem para os gados não justifica o desmatar de áreas florestais, que, no entanto, pode vir ser justificada pela necessidade deste (des)serviço por homens que têm na criação do gado a sua sobrevivência.
O exemplo mais explicito que se pode observar atualmente, é a “lei anti-fumo” criada pelo ex-governador do estado José Serra. É um exemplo vivo de que o sistema foi ignorado e apenas o problema dos ambientes entupidos por fumaça era o que deveria ser resolvido. Vimos todos os dias que a “lei” foi bem aceita e hoje temos locais públicos muito mais saudáveis, no entanto, não se pensou nas consequências que tal lei viria ocasionar. Não há mais fumaça dentro dos estabelecimentos, contudo, as ruas nunca estiveram tão sujas por bitucas de cigarro. Sistemicamente, a lei deveria abranger os problemas causados pelo uso de cigarro dentro de estabelecimento públicos fechados, mas também todas as relações que se interligam a este hábito. Pensar de forma sistêmica traria, no mínimo, a obrigatoriedade de cinzeiros em frente aos estabelecimentos públicos.
Uma das personagens do filme “Ponto de Mutação”, discute que o sistema político seria muito mais eficaz caso pensasse desta forma, por meio das relações interdependentes existentes. Questiono se isso é possível? O sistema político lida com pessoas de uma nação inteira, nos restringindo aos políticos nacionais. Como satisfazer as necessidades de milhões de pessoas que completam uma rede comum, mas que, no entanto, são tão diferentes e separadas por culturas mil? Seria essa uma falha na teoria? Pensar a fragmentação do todo pensando no todo tem grande funcionalidade na teoria, no entanto, é de se perguntar se na prática, as relações, mesmo que íntimas que todos têm com todos por meio das redes sistêmicas, viriam funcionar. Somos capazes de enxergar o mundo se transformando rápido demais, muitas vezes através de nossas mãos; mas, com dito durante o filme, “o mundo muda mais rápido que a percepção das pessoas” e isso vira ser argumento denunciante das falhas teóricas desses pensamentos. Como controlar uma rede sistêmica, responsável por mudanças mútuas, mas que tem em si falhas de desenvolvimento, ou seja, como mudar um mundo, que é mudado por nós e nos muda ao mesmo tempo, sendo que tais mudanças, provocadas por nós mesmos, não conseguem ser acompanhadas por nós?
O valor de se pensar num todo é indiscutivelmente honroso, mas possível? Seria tão condenante a fragmentação de sistemas ou ela seria uma forma mais fácil para se observar o paradigma em que estamos inseridos? Talvez a solução mais rápida para tais questionamentos estaria no uso satisfatório do bom senso pelos indivíduos, em que a fragmentação ocorresse concomitantemente à totalização do pensamento.

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