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Análise aplicada do comportamento em saúde: um modelo de atuação na instituição SOBRAPAR

A SOBRAPAR (Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Crâniofacial) é uma instituição sem fins lucrativos, que visa promover e auxiliar o tratamento cirúrgico e a reabilitação de portadores de deformidades craniofaciais resultantes de traumas, anomalias congênitas e tumores.

A população atendida é composta por crianças de baixo nível sócio-econômico, que acabam realizando uma série de cirurgias reparadoras ao longo de suas vidas. Portadores de deformidades enfrentam problemas complexos, de aceitação e preconceito, podendo se afastar do convívio social. Portanto, o tratamento não deve se restringir às técnicas cirúrgicas.

O papel do analista do comportamento num contexto deste tipo deve ser de programar as contingências para que os pacientes se desenvolvam adequadamente do ponto de vista afetivo, emocional, cognitivo e social, tanto dentro, como fora do ambiente hospitalar. Entre os objetivos da Análise do Comportamento em saúde estão: desenvolver comportamentos saudáveis, de prevenção, de adesão ao tratamento, assim como, reduzir e eliminar comportamentos problemáticos que surgem como resultado do próprio tratamento. Os comportamentos problemáticos podem se dar em relação às condições aversivas, resultantes dos procedimentos invasivos do tratamento, assim como, das mudanças decorrentes no ambiente social.

Parte-se do pressuposto de que comportamentos saudáveis e de adesão podem ser desenvolvidos, mesmo diante de condições adversas, quando as contingências são analisadas, compreendidas e planejadas adequadamente. O modelo de atuação da equipe da psicologia da SOBRAPAR está dividido de acordo com os diferentes objetivos do processo pelo qual passam os pacientes. Inicialmente, todos eles devem passar por uma Entrevista Inicial Psicológica, que funciona como uma “porta de entrada” do hospital. Esta entrevista tem como objetivo coletar informações sobre o paciente e sua família; fornecer apoio; esclarecer dúvidas sobre a deformidade, o tratamento e os serviços do hospital como um todo; definir os planos de tratamento e realizar possíveis orientações sobre modificações nas contingências.

Os dados coletados estão baseados na construção de uma Análise Funcional. Entre eles estão: história de vida, desde a gestação; relacionamento e educação familiar; cuidados básicos de higiene e saúde; enfrentamento social do problema; sociabilidade; desempenho acadêmico; situação atual de tratamento e necessidade de preparação para procedimentos invasivos ou cirurgia. No final, deve-se ter alcançado um panorama geral do contexto em que vive o paciente. Para tanto, deve-se ter o cuidado de estabelecer o vínculo com este e sua família, isto é, o psicólogo deve-se tornar um reforçador condicional importante. Com os dados coletados, as necessidades do paciente são levantadas para fazer os encaminhamentos, referentes à avaliação e acompanhamento do desenvolvimento, psicopedagogia, preparação para cirurgia.

Quando são identificados problemas familiares ou educacionais os pais passam pelo serviço de orientação. As crianças são acompanhadas por estagiárias de psicologia no espaço lúdico, que recebem orientações específicas para modificação das variáveis e manejo dos comportamentos. Trabalha-se para que a instituição se torne um estímulo reforçador e seja possível criar condições para a criança seguir instruções e obedecer regras, tanto no hospital como no ambiente geral.

autor: Josy de Souza Moriyama- PUC-Campinas/SOBRAPAR

Palavras-chave: Psicologia da Saúde; Análise Funcional; Adesão.

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