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Estudo aborda viciados em trabalho

Artigos científicos publicados em revistas de todo o mundo costumam levantar a hipótese de que boa parte dos seres humanos apresenta uma “predisposição psicológica” para o vício em trabalho. Com base nisso, Maurício Serva de Oliveira, professor do curso de pós-graduação em administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), resolveu estudar o assunto sob o ponto de vista das exigências empresariais.
Artigos científicos publicados em revistas de todo o mundo costumam levantar a hipótese de que boa parte dos seres humanos apresenta uma “predisposição psicológica” para o vício em trabalho. Com base nisso, Maurício Serva de Oliveira, professor do curso de pós-graduação em administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), resolveu estudar o assunto sob o ponto de vista das exigências empresariais.
O objetivo do trabalho foi questionar se o efeito psicológico pode ser considerado como a única causa do fenômeno conhecido como workaholic. “As pessoas trabalham em excesso não por decisão própria, mas porque são obrigadas. Há sempre uma questão social e econômica maior que faz com que as empresas imponham um forte ritmo de trabalho a seus funcionários”, disse Oliveira. “É claro que o indivíduo também entra nesse jogo radical para ter mais poder e dinheiro, mas não podemos dizer apenas que a causa está em uma predisposição psíquica”, complementa o professor da PUC-PR.

O pesquisador, em companhia de Joel Lincoln Ferreira, das Faculdades Jorge Amado, em Salvador (BA), analisou, por meio de entrevistas qualitativas, o cotidiano de oito gerentes que atuam em empresas brasileiras de diferentes segmentos, em quatro estados do país. Os resultados do artigo “O fenômeno workaholic na gestão de empresas” foram publicados na Revista de Administração Pública.

Como decorrência do ritmo imposto pelo trabalho, todos os gerentes analisados sofreram conseqüências. Em menor grau, esgotamento físico e mental, estresse e enxaquecas. Ou ainda, em situações mais extremas, enfartos, úlceras gástricas e distúrbios do sistema imunológico. “Essas pessoas já foram escolhidas por serem consideradas workaholics. A intenção foi mostrar as evidências da contribuição das empresas nesse processo”, explica Oliveira, que também é presidente, no Brasil, do Centro Internacional de Pesquisa e Informação sobre a Economia Pública, Social e Cooperativa (Ciriec).

Segundo o pesquisador, por ocuparem posições de comando, os gerentes apresentam um índice elevado de responsabilidade acumulada. Além de uma pesada carga de trabalho, os profissionais estão sujeitos a situações de complexidade por terem de lidar com prazos apertados e a constante presença do risco. “Sem contar o fato de que a empresa ainda espera que ele seja sempre um vencedor”, diz Oliveira.

Em nome da competitividade, as empresas atualmente estão sempre reduzindo custos, o que muitas vezes acaba sendo sinônimo da redução de mão-de-obra. A conseqüência imediata desse cenário bastante conhecido é o aumento da jornada de trabalho entre os gerentes analisados.

“Jornada diária com mais de 10 horas, extensão das atividades em casa e nos finais de semana, reduzido tempo de lazer, falta de socialização e dificuldade de relacionamento com amigos e família são considerados sintomas graves e características importantes de um viciado em trabalho”, explica o pesquisador. “Mas, é claro, o grande problema é quando isso ocorre de forma permanente. Se a pessoa estiver envolvida em um projeto temporário, ela não deve ser considerada um workaholic.”

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=5932]www.agencia.fapesp.br[/url]

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