RedePsi - Psicologia

Artigos

Artigo sobre a obra Os Ratos de Dyonélio Machado

A presente análise parte da leitura de duas obras: "Os Ratos" do escritor, médico e psiquatra gaúcho Dyonélio Machado e "Meu Encontro com Marx e Freud", capítulo VII, do Psicólogo Erich From. No livro Os Ratos, a temática central constitui-se na relação entre a ética moral e a premência das necessidades da vida real, no caso, o dinheiro, que ao personagem principal faltava para suprir uma necessidade básica: o leite diário para seu primogênito. Na busca de solução para o seu problema Naziazeno se depara com diversas facetas humanas.

É nesse calvário do personagem que se entrechocam os valores éticos com as muitas degradações morais que uma determinada situação social impõe ao indivíduo. A relação entre as duas obras se estabelece a partir do conceito marxista em que "o homem é um ser social que só estará completo se estiver em relação com seu próximo e a natureza e será independente quando ativo, relacionado e produtivo", isto é, íntegro, tanto em suas necessidades materiais quanto em seu íntimo moral; e, no tocante à visão freudiana, a independência parte da individualidade que se relaciona com os demais de maneira utilitária e proveitosa, entendendo os "outros" como um meio para a garantia de sua independência. Como psiquiatra, Dyonélio Machado absorveu algumas teorias de Freud quando "monta" o protagonista a partir de uma descrição quase imperceptível de gestos, idéias, impulsos, traços que revelam o comportamento do ser humano.

Já, como comunista, o autor denuncia e repudia a lógica desumana, impessoal e injusta do capitalismo quando, em um momento de carência, de fragilidade do protagonista, valores fundamentais se evaporam. A dependência torna-se escravidão. Nessa fragmentação compõe-se a totalidade, aproxima-se consciente de inconsciente, indivíduo e sociedade. Os Ratos retrata a mesquinhez, a mediocridade em que o indivíduo se encontra e, principalmente, a sua realidade miserável e triste, percebe-se, então, que este se parece demasiadamente com o "tal" animal que intitula a obra.

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter