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Máscara (Persona) e Sombra de Jung: suas relações com o Capitalismo e o Comunismo

É preciso ter em conta, em primeiro lugar, que a Máscara e a Sombra são dois dos arquétipos – experiências antigas contidas no Inconsciente Colectivo que se manifestam por temas ou padrões recorrentes – contidos no Inconsciente Colectivo ( Schultz, D. P. & Schultz, S. E., 2002 ).

O Inconsciente Colectivo é o nível mais profundo da psique, que contém o acumular de experiências herdadas de espécies humanas e pré-humanas. A herança do Inconsciente Colectivo é transmitida a cada nova geração.

No caso da escuridão do Espaço, do Universo à nossa volta, terá sido sentido com temor pelos humanos pré-históricos, havendo alguma relação com a Sombra, com os medos e sentimentos negativos da Humanidade.

No caso da Máscara ( Persona ), o conhecimento adquirido acerca da forma geológica do continente europeu, com as viagens marítimas, mapas subsequentes e sua divulgação, em que Itália surge como uma perna e Portugal como uma cara, ou neste sentido em que eu o coloco, como uma máscara, tendo havido uma identificação óbvia com a cara europeia, em Portugal, perspectivando-se o quê que a Europa poderia, gostaria ou quereria apresentar de si ao mundo, criando-se então uma verdadeira Máscara, à qual se seguiu o descobrimento do mundo pelos europeus. Ora, esta forma geológica e este papel europeu no mundo terá também começado a fazer parte do Inconsciente Colectivo, tendo esse conhecimento sido imbuído na psique colectiva da Humanidade, " sendo repetido na vida de várias gerações subsequentes " ( Schultz, D P. & Schultz, S. E., p.97 ).

Quanto à díade Máscara-Sombra tem-se que o Capitalismo tenderá mais para a Máscara – o papel público que a pessoa apresenta para os outros, o que fazemos para interagir com os outros, com a Sociedade – tendendo mais para a importância exacerbada das aparências, do externo, numa vida, porventura, mais superficial. É mais histérico. Já o Comunismo tenderá para a Sombra, num sistema mais obsessivo, em que haverá mais juízos de condenação, no lidar com os problemas que surgem, e que será um mecanismo de defesa mais evoluído que o recalcamento predominante do histerismo ( Laplanche, J. & Pontalis, J. B., 1990 ).
Se relacionarmos agora a díade Universo-Sombra, temos então aquilo de que temos medo. Confira-se as produções livrescas e cinéfilas, particularmente, a partir dos anos 50 do século XX, acerca dos extraterrestres como invasores, maus, representando os nossos receios, e que se passava no Ocidente, particularmente nos Estados Unidos da América. Da mesma maneira, se perspectivavam comunista e extraterrestres, enquanto maus objectos, a nível cultural, ao nível do conhecimento, sendo os mesmos projectados.

Na díade Sombra-Comunismo, há o trabalhar mais com o desconhecido, do que se tem medo, tendo-se que num sistema político tipicamente mais obsessivo, no lidar com medos e fantasias negativas haverão mais juízos de condenação, que serão mais evoluídos enquanto mecanismo de defesa, do que os recalcamentos ( Laplanche, J. & Pontalis, J. B., 1990 ), que serão mais típicos no histerismo do capitalismo. Os avanços dos Soviéticos na Corrida Espacial, continuando a ser pioneiros, agora os russos, quanto ao Espaço, como por exemplo, o tempo de duração no Espaço, indicam uma maior relação entre Sombra e Comunismo.
Agora na díade Máscara-Universo, ter-se-ão relações ideais entre espécies terrestres e extraterrestres, em que há a relação com o outro idealizada com a desvalorização do próprio. Como referido acima, de Portugal enquanto cara, ou máscara, tem-se que é referido nos media constantemente, por especialistas, a baixa auto-estima que muitos portugueses têm.

Já quanto à Terra-Sombra, tem-se o Capitalismo global, como está hoje na sua relação com o que se tem medo ( ex.: eventual criação de uma Nova Ordem Mundial ), em que num exemplo actual, os governantes de certos países criam medo nos próprios cidadãos para criar a necessidade dos governantes e líderes para os proteger. No todo, e relacionando a díade, os receios maiores serão não serem amados pelos extraterrestres, algo relacionado com o desconhecido e o receoso, fazendo ataques preemptivos, porque precisam de justificar aos próprios uma permanência da integridade egóica.

Temos estas relações num sistema dinâmico que tenderá para o equilíbrio, a partir dos princípios Junguianos de oposição ( conflito entre tendências ou processos opostos é necessário para gerar energia psíquica ), equivalência ( redistribuição contínua de energia dentro de uma personalidade ) e entropia ( uma tendência ao equilíbrio dentro da personalidade, em que o ideal é uma distribuição igual da energia psíquica por todas as estruturas da personalidade ).

Assim, se se aumentar a Máscara no Comunismo, através de várias acções políticas, comerciais e de propaganda capitalista, diminui-se a Sombra, sendo os comunistas menos eficazes a lidar com o desconhecido, com aquilo de que têm medo e mais eficazes a lidar publicamente numa perspectiva de Capitalismo, com economia de mercado, enfim, nas relações públicas a nível global.

Se se aumentar a Sombra no Capitalismo, através de acções políticas, comerciais e de propaganda comunista, tenderão a ter mais sucesso pessoas menos superficiais e que lidem melhor com o desconhecido, com aquilo de que têm medo; ou seja, histéricos que recalcam aquilo que lhes é indesejável perdem muito o contacto com a realidade, avançando menos na procura da verdade, do conhecimento; ou então, a " belle indifférence " histérica (não ligarem aos sintomas histéricos tidos, característico na histeria) modifica-se e passam a funcionar melhor num ambiente comunista.


Referências bibliográficas:

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise ( Tradução Portuguesa ) 7ª Edição. Lisboa. Editorial Presença
                                   
Schultz, D. P. & Schultz, S. E. ( 2006 ). Teorias da Personalidade ( Tradução Portuguesa ) São Paulo. Thomson Learning Edições

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