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Pela longa estrada da terapia: da queixa inicial ao desenvolvimento de repertório de autoconhecimento

7ª Jornada de Análise do Comportamento – UFSCar. 2008

Okamoto, Cristina T.[1]; Torres, Nione[2][email protected]

[1]Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Instituto de Análise do Comportamento em
Estudos e Psicoterapia (IACEP); ² Instituto de Análise do Comportamento em Estudos e
Psicoterapia (IACEP) 
Os clientes vêm à terapia porque o seu comportamento não tem sido eficaz no ambiente natural. Freqüentemente as relações interpessoais são problemáticas. O comportamento do cliente pode tanto não ter conseqüências sociais positivas ou conduzir a conseqüências sociais negativas. A maioria dos terapeutas, desta forma, focaliza sobre estas dificuldades nas relações sociais (Rosenfarb, 1992).  Será apresentado um caso clínico, atendido através do projeto de atendimento clínico a comunidade de baixa renda realizado pelo IACEP, em que a queixa inicial era a dificuldade da cliente em verbalizar o que pensava evitando dessa maneira possíveis confrontos, e o comportamento agressivo em situações conflitantes. Analisando a história de vida relatada pela cliente e os comportamentos-problemas atuais iniciou-se  o trabalho clínico através da modelação do comportamento dentro da relação terapêutica modificando o comportamento interpessoal da terapeuta em relação ao comportamento clinicamente relevante da cliente, a partir do enfoque da FAP (Psicoterapia Analítico Funcional). Nas sessões seguintes, apresentou-se a instalação dos comportamentos da cliente e suas análises funcionais; ensinou-se à cliente comportamentos referentes ao repertório  de resolução de problemas, o que a auxiliou observar melhor seu ambiente e escolher comportamentos alternativos mais eficazes. Ao longo desse processo foram ensinados, também, comportamentos empáticos e assertivos. A cliente apresentou melhoras significativas em relação a esses comportamentos trazendo, então, novas queixas à terapia. Tal processo teve como ênfase o desenvolvimento de habilidades, tais como, tolerância e aceitação diante de situações imprevisíveis, a flexibilização de auto-regras e outros comportamentos que a própria cliente não tinha consciência e que foram discriminados pela terapeuta, o que levou a um novo foco terapêutico: o autoconhecimento e as suas implicações para auto-estima. A cliente apresentou inúmeras melhoras durante todo o processo terapêutico que teve o total de 23 sessões. Muitos repertórios comportamentais trabalhados como: assertividade, empatia, resolução de problemas, tolerância e aceitação diante de situações imprevisíveis, desenvolvimento de habilidades de negociação em situações de conflito, foram observados em sessão e nos relatos de J. O processo de desenvolvimento de repertório de autoconhecimento mostrou grandes resultados quando a cliente conseguiu identificar suas qualidades e pontos a serem desenvolvidos,  tendo em vista que sua dificuldade em discriminar tais características era notável.  J. passou a sentir-se  mais auto-confiante, reconhecendo e apostando mais em seus potenciais, apoiada ainda por um autogerenciamento mais eficaz. O sentimento de solidão, angústia, dores no corpo e o nervosismo deixaram de ser relatados como queixa pela cliente. Percebeu-se, também, que a partir do desenvolvimento das habilidades  citadas, assim como, o desenvolvimento de autoconhecimento, J. conseguiu construir relacionamentos mais saudáveis, conseguia lidar melhor com conflitos e a imprevisibilidade, e melhorou também sua auto-estima (produto de contingências de reforçamento positivo de origem social). 

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