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Estudo liga área do cérebro ao tabagismo

Fumantes com dano em uma região específica do cérebro, a ínsula, perderam rapidamente a vontade de fumar e não reincidiram no vício. Infelizmente, provocar um dano cerebral não é uma terapia válida para parar de fumar, apesar de resolver bem o problema, como mostra estudo publicado hoje na revista científica “Science”.
Fumantes com dano em uma região específica do cérebro, a ínsula, perderam rapidamente a vontade de fumar e não reincidiram no vício. Infelizmente, provocar um dano cerebral não é uma terapia válida para parar de fumar, apesar de resolver bem o problema, como mostra estudo publicado hoje na revista científica “Science”.
O valor da descoberta é que ela permite visualizar e acompanhar a evolução dos tratamentos existentes, além de abrir um caminho novo para uma terapia a longo prazo.

O trabalho foi feito por uma equipe de quatro pesquisadores das universidades americanas de Iowa e do Sul da Califórnia que estudam pacientes com danos cerebrais.

A descoberta veio por acaso, quando um paciente que costumava fumar cerca de 40 cigarros por dia revelou que, depois de um derrame cerebral que afetou a ínsula, tinha parado de fumar. Mais ainda, o paciente disse que tinha perdido a “fissura”, o desejo extremo que faz muitas pessoas que param de fumar recaírem no vício.

Os pesquisadores decidiram investigar outros pacientes com dano no cérebro e seus hábitos tabagistas. Dos 69 pacientes analisados, 19 tiveram danos na ínsula, dos quais 13 pararam de fumar. O dano em outras regiões cerebrais também afetou o desejo de fumar, embora com menos intensidade.

“Os resultados indicam que fumantes que adquiriram danos à ínsula muito provavelmente param de fumar fácil e imediatamente e permanecem em abstinência”, escreveram os autores no artigo na “Science”.

Dos quatro autores, apenas um fumava, mas largou o vício. “Eu costumava fumar. Isso me deu um vislumbre sobre o desejo de fumar e o papel do corpo no vício”, disse à Folha Nasir Naqvi, da Universidade de Iowa, principal autor do trabalho.

Segundo Naqvi, esse é o primeiro trabalho científico que utiliza lesões no cérebro para estudar um vício por droga em seres humanos. A ínsula é uma região do cérebro do tamanho de uma moeda grande. O pesquisador português António Damásio, também da Universidade do Sul da Califórnia, propôs nos anos 1990 que ela seria uma espécie de “plataforma para sensações e emoção”. A mulher de Damásio, Hanna, é co-autora do novo estudo.

“Nós acreditamos que a ínsula tenha evoluído para permitir aos seres humanos “sentirem” o que acontece dentro dos seus corpos. Essa função é importante para coisas como gosto mas também para a experiência emocional, que está geralmente associada com mudanças no corpo, como aumento da pressão sangüínea”, diz Naqvi.

Segundo o líder do grupo, Antoine Bechara, “sistemas neurais que são importantes para emoções e sentimentos serviram o propósito de guiar organismos a se aproximarem de estímulos que são recompensadores ou benéficos e para a sobrevivência”.

Graças à ínsula o organismo enxergaria, portanto, o cigarro como algo bom, apesar de racionalmente a pessoa saber que não. “Essa região pode ter um papel nas memórias dos efeitos do fumo no corpo, em particular as memórias do prazer que vêm do gosto e da sensação de fumar na garganta e nos seus efeitos em órgãos internos”, completa Naqvi.

Fonte: [url=http://noticias.bol.com.br/saude/2007/01/26/ult306u15926.jhtm]Brasil Online[/url]

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